SOCIALIS...SÍMO
Como há pessoas que nascem em berço de ouro, recebem uma educação esmerada e sobrevivem a tudo isso carregadas de simpatia e generosidade, proponho que passemos a ser exactos nos termos. E sem me querer substituir à Ana Bola, que fez um livro sensato sobre a questão, gostaria de propôr um termo para aquelas tias que além de falarem "assiiiimmm" (pelo nariz) e de arrastarem as argolas debaixo da acrescentada cabeleira loura, não dão uma para a caixa.
Para elas, "tiazorra" não chega. Para essa erupção cutâneosocial é chamar-lhe mesmo:
TIAZURRA.
Caeiro, também aqui, é o mestre. Este blogue é mantido por Possidónio Cachapa e todos os que acham por bem participar. A blogar desde 2003.
29 de junho de 2003
SE FOR PRECIZO ENTUPIMOZUS
Segundo o Público, "O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, manifestou hoje o apoio do seu partido à luta dos taxistas e acusou o Executivo de "querer obter receitas a todo o custo (...). O Governo quer resolver o problema do défice a todo o custo sem olhar às dificuldades dos cidadãos", sublinhou Carvalhas, na inauguração das novas instalações do Centro de Trabalho do PCP em Alcochete, informa a Lusa.
Os pagamentos especiais por conta significam, segundo os taxistas, o pagamento de 1250 euros em duas prestações, em Julho e Novembro, verba que consideram elevada e dizem não poder comportar."
Mais uma vez, os políticos mostram um profundo conhecimento do tecido social e profissional do país. Pedir 125 contos, duas vezes por ano, aos taxistas, que marcam mais de 2 euros só para meter o motor a trabalhar e que a seguir se perdem pelas ruas da cidade, depois de se assegurarem que a resposta à pergunta, "Quer ir por onde?" demonstrou a ignorância do passageiro, parece-me uma violência. Tenho a certeza que as empresas de táxi declaram a totalidade dos seus rendimentos. Mesmo se na maior parte dos casos não passam recibos. Afinal, qualquer pessoa sabe que é um honradíssimo e profissionalíssimo negócio. Eu, se fosse taxista, entupia completamente Lisboa. E a próxima vez que algum político que (por acaso) aparecesse a justificar esta medida tivesse a triste ideia de apanhar um taxi, levava-o para um lado qualquer e dava-lhe uma sova. Afinal, essa não é uma prática incomum...
Segundo o Público, "O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, manifestou hoje o apoio do seu partido à luta dos taxistas e acusou o Executivo de "querer obter receitas a todo o custo (...). O Governo quer resolver o problema do défice a todo o custo sem olhar às dificuldades dos cidadãos", sublinhou Carvalhas, na inauguração das novas instalações do Centro de Trabalho do PCP em Alcochete, informa a Lusa.
Os pagamentos especiais por conta significam, segundo os taxistas, o pagamento de 1250 euros em duas prestações, em Julho e Novembro, verba que consideram elevada e dizem não poder comportar."
Mais uma vez, os políticos mostram um profundo conhecimento do tecido social e profissional do país. Pedir 125 contos, duas vezes por ano, aos taxistas, que marcam mais de 2 euros só para meter o motor a trabalhar e que a seguir se perdem pelas ruas da cidade, depois de se assegurarem que a resposta à pergunta, "Quer ir por onde?" demonstrou a ignorância do passageiro, parece-me uma violência. Tenho a certeza que as empresas de táxi declaram a totalidade dos seus rendimentos. Mesmo se na maior parte dos casos não passam recibos. Afinal, qualquer pessoa sabe que é um honradíssimo e profissionalíssimo negócio. Eu, se fosse taxista, entupia completamente Lisboa. E a próxima vez que algum político que (por acaso) aparecesse a justificar esta medida tivesse a triste ideia de apanhar um taxi, levava-o para um lado qualquer e dava-lhe uma sova. Afinal, essa não é uma prática incomum...
NATURALMENTE
Uma coisa curiosa de ver nas praias é a turma dos mirones. São normalmente homens solitários, de barriga-e-meia para cima, que se passeiam ao longo da babugem, fingindo desentorpecer as pernas. Mas que não tiram os olhos dos cus alheios.
Nas (raras) praias em que a legislação resolveu abrir uma excepção ao predomínio têxtil e onde em zonas claramente definidas centenas de pessoas optaram por não dar dinheiro à Zara, secção fatos de banho, ainda é pior. De forma totalmente despudorada e, sobretudo, impune, gente solitária ou emparelhada atravessa vestida os areais, com os olhos colados a áreas muito específicas do corpo de quem lá está. Estão-se a cagar para o respeito. Assumem a pose do lavrador que vai às putas. Só não apalpam porque têm medo de levar algum sopapo. Depois voltam para as toalhinhas das mulherzinhas e ajeitam o sexozinho excitado discretamente, antes de abrirem o correio da manhã na parte dos classificados.
Uma coisa curiosa de ver nas praias é a turma dos mirones. São normalmente homens solitários, de barriga-e-meia para cima, que se passeiam ao longo da babugem, fingindo desentorpecer as pernas. Mas que não tiram os olhos dos cus alheios.
Nas (raras) praias em que a legislação resolveu abrir uma excepção ao predomínio têxtil e onde em zonas claramente definidas centenas de pessoas optaram por não dar dinheiro à Zara, secção fatos de banho, ainda é pior. De forma totalmente despudorada e, sobretudo, impune, gente solitária ou emparelhada atravessa vestida os areais, com os olhos colados a áreas muito específicas do corpo de quem lá está. Estão-se a cagar para o respeito. Assumem a pose do lavrador que vai às putas. Só não apalpam porque têm medo de levar algum sopapo. Depois voltam para as toalhinhas das mulherzinhas e ajeitam o sexozinho excitado discretamente, antes de abrirem o correio da manhã na parte dos classificados.

QUERIDO PIPIU
O Expresso, através do seu ciberepórter P. Querido, continua na vanguarda da informação. Depois da promoção ao Abrupto, eis que surge o Meu Pipi no top das preferências queridianas. Blogues que falam de astronomia, cultura, música... não titilam o maior semanário do país. É a caralhada que os faz feliz. Só posso dizer que nesse particular... não estão sozinhos.
Vem-me à memória uma ideia jocosa de um amigo meu, argumentista, e que dizia que um dia ainda teríamos de escrever um espectáculo em que o actor só dissesse "Foda-se!" e "Filhodaputa". Ele tinha a certeza que isso seria um sucesso (como o levanta-comédias F. Rocha veio provar). Aparentemente, na blogosfera as coisas não são muito diferentes. E claro, se até o papa usou a palavra "genial", quem somos nós para desdizer.
Está encontrado o Henry Miller português.
O Expresso, através do seu ciberepórter P. Querido, continua na vanguarda da informação. Depois da promoção ao Abrupto, eis que surge o Meu Pipi no top das preferências queridianas. Blogues que falam de astronomia, cultura, música... não titilam o maior semanário do país. É a caralhada que os faz feliz. Só posso dizer que nesse particular... não estão sozinhos.
Vem-me à memória uma ideia jocosa de um amigo meu, argumentista, e que dizia que um dia ainda teríamos de escrever um espectáculo em que o actor só dissesse "Foda-se!" e "Filhodaputa". Ele tinha a certeza que isso seria um sucesso (como o levanta-comédias F. Rocha veio provar). Aparentemente, na blogosfera as coisas não são muito diferentes. E claro, se até o papa usou a palavra "genial", quem somos nós para desdizer.
Está encontrado o Henry Miller português.
28 de junho de 2003
TODOS BONS AMIGOS
Como de costume o Pedro Mexia escreve uma resposta exemplar à polémica Prdiana e à pronta defesa de Miguel Esteves Cardoso, no seu blog. Tudo o que eu pudesse ainda dizer sobre esse assunto seria redundante. É ir lá e ler.
Contudo, reproduzo, com a devida vénia, algumas frases: "Amizade? Fidelidade? Lealdade? Com certeza. Mas por vezes os nossos amigos não têm razão, e por vezes não têm razão nenhuma, e nessas alturas discordar deles não é uma traição à amizade mas faz parte da amizade".
Este é um dos assuntos que me toca particularmente. Quando se tem um feitio que nos faz dizer as coisas imediatamente às pessoas de quem gostamos, não podemos ficar insensíveis às frases citadas. Eu sou leal como um cão com os meus amigos. Mesmo quando as amizades acabam, seja lá por que fôr, ainda assim, continuo a defendê-los e a protegê-los das agressões externas. Um bocadinho como quem ficasse a soprar os vestígios de brasa numa fogueira praticamente extinta. Não que eu ache isso sensato, e muito menos valoroso, no sentido "camoniano do termo. É mania. Contudo, não consigo deixar de separar as pessoas dos actos. Mesmo que quisesse não poderia separar. É por isso que não ponho as mãos no fogo pela inocência de ninguém. Porei sim, as mãos nas chamas por eles; para que eles saibam que está ali alguém. Mesmo que sejam culpados, mesmo que discorde dos seus actos.
E não é por mais nada que não seja pelo facto de serem meus amigos. Pronto.
Como de costume o Pedro Mexia escreve uma resposta exemplar à polémica Prdiana e à pronta defesa de Miguel Esteves Cardoso, no seu blog. Tudo o que eu pudesse ainda dizer sobre esse assunto seria redundante. É ir lá e ler.
Contudo, reproduzo, com a devida vénia, algumas frases: "Amizade? Fidelidade? Lealdade? Com certeza. Mas por vezes os nossos amigos não têm razão, e por vezes não têm razão nenhuma, e nessas alturas discordar deles não é uma traição à amizade mas faz parte da amizade".
Este é um dos assuntos que me toca particularmente. Quando se tem um feitio que nos faz dizer as coisas imediatamente às pessoas de quem gostamos, não podemos ficar insensíveis às frases citadas. Eu sou leal como um cão com os meus amigos. Mesmo quando as amizades acabam, seja lá por que fôr, ainda assim, continuo a defendê-los e a protegê-los das agressões externas. Um bocadinho como quem ficasse a soprar os vestígios de brasa numa fogueira praticamente extinta. Não que eu ache isso sensato, e muito menos valoroso, no sentido "camoniano do termo. É mania. Contudo, não consigo deixar de separar as pessoas dos actos. Mesmo que quisesse não poderia separar. É por isso que não ponho as mãos no fogo pela inocência de ninguém. Porei sim, as mãos nas chamas por eles; para que eles saibam que está ali alguém. Mesmo que sejam culpados, mesmo que discorde dos seus actos.
E não é por mais nada que não seja pelo facto de serem meus amigos. Pronto.
27 de junho de 2003
TRANPORTES
Hoje esperei, à torreira do sol, mais de uma hora pelo autocarro 9. Eu e uma gigantesca fila que se ia reproduzindo em direcção ao Teatro Nacional (onde por sinal, dezenas de africanos clandestinos me pareciam bastante descontraídos). Pensei tratar-se de uma das habituais greves individuais da Carris, uma modalidade que consiste em não sair com os autocarros a horas, em protesto pelas condições desumanas de trabalho (como terem que ligar o ar condicionado nos dias de calor e assim...). Havia entre os meus colegas outras opiniões sobre o atraso, sendo a mais aceite a de "estar a dar um jogo antecipado da bola". Como todo o utente dos transportes públicos de Lisboa sabe: dia de futebol é dia de Aguenta Na Paragem Que Eu Já Lá Vou.
Mas parece que desta vez eram os taxistas.
Essas pacíficas criaturas tinham marcado um piquenique para hoje e resolveram entupir a as ruas, parando os carros. Nada de novo, portanto. A manifestação começou mais tarde porque a maioria, mercê do hábito enraizado, pôs-se a dar voltas na cidade em vez de ir directo para o sítio marcado.
Não percebi bem a razão do protesto, mas penso que reclamam subsídios para acabarem a 4ª classe e comparticipação nas pastilhas para a rouquidão. É que insultar diariamente dezenas de passageiros dá cabo da garganta... PÓ PÓ!!
Hoje esperei, à torreira do sol, mais de uma hora pelo autocarro 9. Eu e uma gigantesca fila que se ia reproduzindo em direcção ao Teatro Nacional (onde por sinal, dezenas de africanos clandestinos me pareciam bastante descontraídos). Pensei tratar-se de uma das habituais greves individuais da Carris, uma modalidade que consiste em não sair com os autocarros a horas, em protesto pelas condições desumanas de trabalho (como terem que ligar o ar condicionado nos dias de calor e assim...). Havia entre os meus colegas outras opiniões sobre o atraso, sendo a mais aceite a de "estar a dar um jogo antecipado da bola". Como todo o utente dos transportes públicos de Lisboa sabe: dia de futebol é dia de Aguenta Na Paragem Que Eu Já Lá Vou.
Mas parece que desta vez eram os taxistas.
Essas pacíficas criaturas tinham marcado um piquenique para hoje e resolveram entupir a as ruas, parando os carros. Nada de novo, portanto. A manifestação começou mais tarde porque a maioria, mercê do hábito enraizado, pôs-se a dar voltas na cidade em vez de ir directo para o sítio marcado.
Não percebi bem a razão do protesto, mas penso que reclamam subsídios para acabarem a 4ª classe e comparticipação nas pastilhas para a rouquidão. É que insultar diariamente dezenas de passageiros dá cabo da garganta... PÓ PÓ!!
TOBIAS OU NÃO TOBIAS, MTA LOUKO,PAH!
Fui ao teatro Vilaret ver os "Hamlets", com o Diogo Infante e o Marco d' Almeida. Um espectáculo irónico e divertido. Fala do trabalho do actor, da busca da fama, fazendo umas incursões pela política americana para o mundo.
Tanto um como outro dos actores vão muito bem. A fazer esquecer outros trabalhos menores e certamente mais remunerados, como a fragilíssima "Jóia de África", na TV. A ver, até sábado.
Mas, o que me fez impressão foi o público daquele teatro. Eclético como se deseja, gente de várias origens e sensibilidades. O problema é que de tão variada e disponível, a plateia perdia-se num torrencial de gargalhadas. Mesmo quando o texto falava de coisas trágicas ou apelava a uma atenção mais atenta. Resumo: riam-se do que tinha graça e do que era para não a ter. Um mal de que os actores se queixam frequentemente, baixinho.
ps: o tipo à minha frente apanhou uma barrigada de riso de que ainda se há-de estar a recompôr. Então na parte em que a personagem do Diogo Infante dizia para o público: "Vocês gostariam era de me ver desaparecer em chamas", ia roçando a apoplexia. Deus guarde tão fino espírito.
Fui ao teatro Vilaret ver os "Hamlets", com o Diogo Infante e o Marco d' Almeida. Um espectáculo irónico e divertido. Fala do trabalho do actor, da busca da fama, fazendo umas incursões pela política americana para o mundo.
Tanto um como outro dos actores vão muito bem. A fazer esquecer outros trabalhos menores e certamente mais remunerados, como a fragilíssima "Jóia de África", na TV. A ver, até sábado.
Mas, o que me fez impressão foi o público daquele teatro. Eclético como se deseja, gente de várias origens e sensibilidades. O problema é que de tão variada e disponível, a plateia perdia-se num torrencial de gargalhadas. Mesmo quando o texto falava de coisas trágicas ou apelava a uma atenção mais atenta. Resumo: riam-se do que tinha graça e do que era para não a ter. Um mal de que os actores se queixam frequentemente, baixinho.
ps: o tipo à minha frente apanhou uma barrigada de riso de que ainda se há-de estar a recompôr. Então na parte em que a personagem do Diogo Infante dizia para o público: "Vocês gostariam era de me ver desaparecer em chamas", ia roçando a apoplexia. Deus guarde tão fino espírito.
26 de junho de 2003
IMPRENSA
Bem lindo este artigo do Público sobre blogues. E a ironia de estilo não é de todo displicente.
"Nos seus pequenos territórios envidraçados, tudo pode ser dito sem castigo, tudo pode ser feito sem censura. São uma mistura de "voyeurs" e exibicionistas em estilo "soft", ora penteando-se demoradamente em frente ao espelho, ora despindo-se em suave "striptease", ora espiando-se uns aos outros como querem que os espiem a eles. Para que escreve alguém senão para outro alguém, depois de para si mesmo? "
Bem lindo este artigo do Público sobre blogues. E a ironia de estilo não é de todo displicente.
"Nos seus pequenos territórios envidraçados, tudo pode ser dito sem castigo, tudo pode ser feito sem censura. São uma mistura de "voyeurs" e exibicionistas em estilo "soft", ora penteando-se demoradamente em frente ao espelho, ora despindo-se em suave "striptease", ora espiando-se uns aos outros como querem que os espiem a eles. Para que escreve alguém senão para outro alguém, depois de para si mesmo? "
LIVROS
Afinal o bookcrossing está mais vivo do que eu pensava. Segundo as estatísticas encomendadas pela APEL, a maioria dos portugueses tem menos de 25 livros em casa. E só 1% tem mais de 1000 (se bem que aqui, julgo que o Pedro Mexia ajuda bastante esta média...). Sim senhor, compram os livros e lançam-nos à rua, para que outros possam aproveitar. Não ficam com quase nenhuns para eles. É bonito.
ps: não sei se terá alguma relação, mas as grandes percentagens neste inquérito vão para "Não sabe/Não responde"...
Afinal o bookcrossing está mais vivo do que eu pensava. Segundo as estatísticas encomendadas pela APEL, a maioria dos portugueses tem menos de 25 livros em casa. E só 1% tem mais de 1000 (se bem que aqui, julgo que o Pedro Mexia ajuda bastante esta média...). Sim senhor, compram os livros e lançam-nos à rua, para que outros possam aproveitar. Não ficam com quase nenhuns para eles. É bonito.
ps: não sei se terá alguma relação, mas as grandes percentagens neste inquérito vão para "Não sabe/Não responde"...
PROTESTO INDIGNADO
Acho indecente que Mota Amaral não tenha concedido dispensa aos nossos deputados que foram ver a bola a Sevilha. Segundo o DN, os partidos "fizeram-se representar" por vários deputados e as custas correram pelos Dragões. Logo aí já acho mal. Não só a Assembleia deveria ter ido em peso, como devíamos ter sido nós, contribuintes, a pagar o avião e as almoçaradas. Afinal, tratava-se de uma missão da mais alta importância e o sacrifício dos deputados merecia melhor tratamento...
Acho indecente que Mota Amaral não tenha concedido dispensa aos nossos deputados que foram ver a bola a Sevilha. Segundo o DN, os partidos "fizeram-se representar" por vários deputados e as custas correram pelos Dragões. Logo aí já acho mal. Não só a Assembleia deveria ter ido em peso, como devíamos ter sido nós, contribuintes, a pagar o avião e as almoçaradas. Afinal, tratava-se de uma missão da mais alta importância e o sacrifício dos deputados merecia melhor tratamento...
VAIVÉM
Recebi hoje duas notícias por telefone.
Uma anunciava-me um nascimento, a outra, uma morte.
Na província, uma prima dava à luz. Um camião de quase quatro quilos (1º parto...). Telefonei-lhe a dar-lhe os parabéns e a certificar-me que ainda respirava. Calculo que no mesmo dia tenham nascido outros 16 milhões de crianças iguais a esta. O que nos dá sempre uma sensação de humildade.
O segundo telefonema falava-me do suicídio de alguém que conheci em criança. Com quem convivi desde que nasci até à adolescência.
Era um homem (vejo-o como o jovem que deixei no momento da partida) sem nada de especial. Pequeno e simp?tico. Sem profissão de jeito, nem vida sentimental que lhe preenchesse tão bem o vazio como o álcool.
Matou-se. E com a sua morte foi como se uma borracha invisível apagasse mais uma imagem da minha vida. Uma a uma, elas vão desaparecendo até só restarem os seus fantasmas.
Deve ser por isso que chegar ao fim, na velhice, nos há-de parecer um acto natural...
Recebi hoje duas notícias por telefone.
Uma anunciava-me um nascimento, a outra, uma morte.
Na província, uma prima dava à luz. Um camião de quase quatro quilos (1º parto...). Telefonei-lhe a dar-lhe os parabéns e a certificar-me que ainda respirava. Calculo que no mesmo dia tenham nascido outros 16 milhões de crianças iguais a esta. O que nos dá sempre uma sensação de humildade.
O segundo telefonema falava-me do suicídio de alguém que conheci em criança. Com quem convivi desde que nasci até à adolescência.
Era um homem (vejo-o como o jovem que deixei no momento da partida) sem nada de especial. Pequeno e simp?tico. Sem profissão de jeito, nem vida sentimental que lhe preenchesse tão bem o vazio como o álcool.
Matou-se. E com a sua morte foi como se uma borracha invisível apagasse mais uma imagem da minha vida. Uma a uma, elas vão desaparecendo até só restarem os seus fantasmas.
Deve ser por isso que chegar ao fim, na velhice, nos há-de parecer um acto natural...
25 de junho de 2003
A SOLIDÃO DO BLOGUISTA DE FUNDO
Há alturas em que pesa o fardo de manter sozinho um blogue.
Como quando vemos a contratação da Inês Fonseca Santos, que além de inteligente, bonita e escrever bem, ainda é uma entrevistadora formidável, pelo Desejo Casar.
Vou ter que repensar esta coisa do celibato, é o que é...
Há alturas em que pesa o fardo de manter sozinho um blogue.
Como quando vemos a contratação da Inês Fonseca Santos, que além de inteligente, bonita e escrever bem, ainda é uma entrevistadora formidável, pelo Desejo Casar.
Vou ter que repensar esta coisa do celibato, é o que é...
CARAS
Como estou a ficar velho (cof cof) ou pelo menos dizimado por uma variante da doença de Alzheimer, não me lembro se já falei aqui da cobertura televisiva do último lançamento de livro a que assisti... Não?... Está um senhor ali atrás a dizer, Que Não. Vou fazer fé nele.
No meio de um vasto grupo de escritores e pensadores portugueses, a menina da sic e o seu rapaz do gongo, vulgo cameraman, olhavam desesperados para todos os lados. Nitidamente não faziam ideia nenhuma de quem eram as pessoas que os cercavam. E muito claramente também não era o momento de descobrirem. Finalmente vejo um movimento inusitado nos seus corpos e lá vão eles a correr para a entrada: era o Vitor de Sousa... Daí a pouco, outro momento de alegria: a Vera Roquette.
No percurso acotovelaram gente a quem eu pedia delicadamente licença para ficar ao pé...
Depois voltaram para Carnaxide com a sensação do dever cumprido.
Permitam-me só que repita uma expressão do início do post: "lançamento de livro ".
Como estou a ficar velho (cof cof) ou pelo menos dizimado por uma variante da doença de Alzheimer, não me lembro se já falei aqui da cobertura televisiva do último lançamento de livro a que assisti... Não?... Está um senhor ali atrás a dizer, Que Não. Vou fazer fé nele.
No meio de um vasto grupo de escritores e pensadores portugueses, a menina da sic e o seu rapaz do gongo, vulgo cameraman, olhavam desesperados para todos os lados. Nitidamente não faziam ideia nenhuma de quem eram as pessoas que os cercavam. E muito claramente também não era o momento de descobrirem. Finalmente vejo um movimento inusitado nos seus corpos e lá vão eles a correr para a entrada: era o Vitor de Sousa... Daí a pouco, outro momento de alegria: a Vera Roquette.
No percurso acotovelaram gente a quem eu pedia delicadamente licença para ficar ao pé...
Depois voltaram para Carnaxide com a sensação do dever cumprido.
Permitam-me só que repita uma expressão do início do post: "lançamento de livro ".
FRUCTOS LITTERARIOS
Belos eram os dias em que mecenas patrocinavam livros. Uns atravessaram a História, outros nãos. Outros usaram-na nas suas narrativas... Sobre a minha mesa, A CONQUISTA DE LISBOA, romance histórico escrito por Carlos Pinto de Almeida. No meio do amarelo das folhas e da data de publicação (1866), a dedicatória ao benfeitor:
"Ill.mo ex.mo Conselheiro António Serpa Pimentel.
Offereço a V. Ex.a um simples fructo do meu trabalho, não pela convicção do seu merecimento litterario, mas sim por ser o unico meio de lhe demonstrar, que uma offerta insignificante, representa todavia o sentimento de gratidão, que me anima, para com V.Ex.a.
Trabalhe e tanha fé, me disse um dia V. Ex.a, acceitando como um dogma estas palavras, tenho encontrado n'ellas um princípio tão santo e justo, que se me não tem dado interesses materiaes, tem-me feito crear amor ao trabalho...."
É mais ou menos como agora...
Belos eram os dias em que mecenas patrocinavam livros. Uns atravessaram a História, outros nãos. Outros usaram-na nas suas narrativas... Sobre a minha mesa, A CONQUISTA DE LISBOA, romance histórico escrito por Carlos Pinto de Almeida. No meio do amarelo das folhas e da data de publicação (1866), a dedicatória ao benfeitor:
"Ill.mo ex.mo Conselheiro António Serpa Pimentel.
Offereço a V. Ex.a um simples fructo do meu trabalho, não pela convicção do seu merecimento litterario, mas sim por ser o unico meio de lhe demonstrar, que uma offerta insignificante, representa todavia o sentimento de gratidão, que me anima, para com V.Ex.a.
Trabalhe e tanha fé, me disse um dia V. Ex.a, acceitando como um dogma estas palavras, tenho encontrado n'ellas um princípio tão santo e justo, que se me não tem dado interesses materiaes, tem-me feito crear amor ao trabalho...."
É mais ou menos como agora...
24 de junho de 2003
VERBO BLOGAR
Ali do lado esquerdo tenho alguns links para blogs que visito com regularidade. Mas, na verdade, os que ali não estão são cada vez mais. Salto de uns para outros, clico nas referências e lá vou até à casa de vizinhos inesperados. Por exemplo, podia meter ali os marretas, que leio quase todos os dias. Sobretudo os posts do Animal, que estão mais próximos do meu ideário (na verdade, talvez não devesse fazer esta afirmação com tanta ligeireza... ;-) ). Outros mais pessoais também surgem. Hoje, por indicação do RAP fui parar ao blog far niente, onde sopra o vento da preguiça...
Ali do lado esquerdo tenho alguns links para blogs que visito com regularidade. Mas, na verdade, os que ali não estão são cada vez mais. Salto de uns para outros, clico nas referências e lá vou até à casa de vizinhos inesperados. Por exemplo, podia meter ali os marretas, que leio quase todos os dias. Sobretudo os posts do Animal, que estão mais próximos do meu ideário (na verdade, talvez não devesse fazer esta afirmação com tanta ligeireza... ;-) ). Outros mais pessoais também surgem. Hoje, por indicação do RAP fui parar ao blog far niente, onde sopra o vento da preguiça...
ODISSEIA
Desisti de ver os jornais televisivos da 1h e vim ler os blogues. Uma das coisas sobre as quais sempre me interroguei foi POR QUE CARRADAS DE ÁGUA SÓ FALAM DE DESGRAÇAS?! Não acontece mais nada no mundo? Em Portugal andou tudo à facada, a noite passada? Está tudo a caminho do DIAP, para apimentar o escândalo? Em Israel só aconteceram atentados?
A resposta é Não. Mas foram as notícias seleccionadas pelas redacções para nos manterem informados. E como é que se pauta este critério de escolha? Primeiro, pela leitura dos jornais da manhã, que normalmente já inventaram qualquer coisa fresquinha. Logo, se os outros falam, nós também temos que falar. E se nós falamos é notícia.
Em segundo, pela Teoria dos Tubarões Ameaçadores: as pessoas querem ver o medo retratado. Querem-lhe dar uma cara; uma forma palpável. Assim, aprendem melhor a defender-se dele, a pensar com que arma o vão atacar. Sentem-se mais seguras. É por isso que os documentários sobre tubarões os mostram sempre como animais invencíveis e devoradores de tudo quanto mexe. São poucos os que referem que eles nadam no meio de muitas outras espécies e que, salvo raras excepções não têm grande interesse pelo bife de humano. Ou que uma pancada no focinho se eles tiverem a triste ideia de virem cheirar, os manterá à distância. Isto não vende, segundo os produtores. Então, pintam-se os bichos como monstros sanguinários, a abater e apresentam-se às pessoas que os querem ver de perto para melhor lhes tirarem as medidas.
O mesmo se passa com as notícias que nos são mostradas. Apresentam-nos os monstros a abater, tendo o cuidado de lhes exagerar as dentuças arreganhadas e de afastar por todos os meios do leitor/espectador a ideia de que podem não passar de pobres diabos, causadores de mais pena que ódio.
Desisti de ver os jornais televisivos da 1h e vim ler os blogues. Uma das coisas sobre as quais sempre me interroguei foi POR QUE CARRADAS DE ÁGUA SÓ FALAM DE DESGRAÇAS?! Não acontece mais nada no mundo? Em Portugal andou tudo à facada, a noite passada? Está tudo a caminho do DIAP, para apimentar o escândalo? Em Israel só aconteceram atentados?
A resposta é Não. Mas foram as notícias seleccionadas pelas redacções para nos manterem informados. E como é que se pauta este critério de escolha? Primeiro, pela leitura dos jornais da manhã, que normalmente já inventaram qualquer coisa fresquinha. Logo, se os outros falam, nós também temos que falar. E se nós falamos é notícia.
Em segundo, pela Teoria dos Tubarões Ameaçadores: as pessoas querem ver o medo retratado. Querem-lhe dar uma cara; uma forma palpável. Assim, aprendem melhor a defender-se dele, a pensar com que arma o vão atacar. Sentem-se mais seguras. É por isso que os documentários sobre tubarões os mostram sempre como animais invencíveis e devoradores de tudo quanto mexe. São poucos os que referem que eles nadam no meio de muitas outras espécies e que, salvo raras excepções não têm grande interesse pelo bife de humano. Ou que uma pancada no focinho se eles tiverem a triste ideia de virem cheirar, os manterá à distância. Isto não vende, segundo os produtores. Então, pintam-se os bichos como monstros sanguinários, a abater e apresentam-se às pessoas que os querem ver de perto para melhor lhes tirarem as medidas.
O mesmo se passa com as notícias que nos são mostradas. Apresentam-nos os monstros a abater, tendo o cuidado de lhes exagerar as dentuças arreganhadas e de afastar por todos os meios do leitor/espectador a ideia de que podem não passar de pobres diabos, causadores de mais pena que ódio.
23 de junho de 2003
CLASSIFICADOS
Uma amiga minha, tal como muitos portugueses anda à procura de um emprego que lhe permita pagar a renda da casa, comer, etc... E eu pus-me a pensar, na melhor forma de a ajudar. Uma coisa boa seria ela entrar para os quadros da câmara municipal. Ou ir trabalhar para Belém, depois das próximas presidenciais....
Mas, como?
Depois de muitas investigações, cheguei à conclusão que, tal como no mergulho subaquático, tudo se resume ao uso do equipamento adequado.
A saber:
Um artefacto capilar de cor clara:
Uns auriculares especiais para só ouvir tonterias :
E uns mecanismos socialmente elevatórios que se sobreponham ao resto da caturreira:
Há também a questão da lobotomia, mas não é obrigatória...
Uma amiga minha, tal como muitos portugueses anda à procura de um emprego que lhe permita pagar a renda da casa, comer, etc... E eu pus-me a pensar, na melhor forma de a ajudar. Uma coisa boa seria ela entrar para os quadros da câmara municipal. Ou ir trabalhar para Belém, depois das próximas presidenciais....
Mas, como?
Depois de muitas investigações, cheguei à conclusão que, tal como no mergulho subaquático, tudo se resume ao uso do equipamento adequado.
A saber:
Um artefacto capilar de cor clara:

Uns auriculares especiais para só ouvir tonterias :

E uns mecanismos socialmente elevatórios que se sobreponham ao resto da caturreira:

Há também a questão da lobotomia, mas não é obrigatória...
WAR
Os blogues vieram acordar o povo para a discussão. Nalguns casos haverá feridos, porque comportamento gera comportamento, palavras fortes geram palavras fortes. SE conseguirmos fazer o exercício de distinguir o ataque às nossas ideias do golpe nas nossas pessoas vamos crescer de uma forma insuspeitada. SE face à descida de nível aprendermos a reagir de forma adequada, então, Portugal estará ele próprio a crescer. Alguma imprensa escrita está a ficar ofendida e a reagir como muitos de nós reagimos em face do ataque inesperado. Confio que rapidamente passarão à fase seguinte, a do raciocínio e da avaliação tranquila do que foi apontado.
Os blogues vieram acordar o povo para a discussão. Nalguns casos haverá feridos, porque comportamento gera comportamento, palavras fortes geram palavras fortes. SE conseguirmos fazer o exercício de distinguir o ataque às nossas ideias do golpe nas nossas pessoas vamos crescer de uma forma insuspeitada. SE face à descida de nível aprendermos a reagir de forma adequada, então, Portugal estará ele próprio a crescer. Alguma imprensa escrita está a ficar ofendida e a reagir como muitos de nós reagimos em face do ataque inesperado. Confio que rapidamente passarão à fase seguinte, a do raciocínio e da avaliação tranquila do que foi apontado.
UMA MULHER CONTRA UM FUNDO AZUL-TURQUESA
Sai-se do filme "Respiro", de Emanuele Crialese, com vontade de falar. Da hist?ria forte e impecavelmente contada; dos actores, maravilhosos de espontaneidade, t?o bem dirigidos que dir-se-ia estarem apenas a falar das suas vidas; da realizaç?o que mostra o detalhe para num golpe de travelling abrir o plano numa piet? colectiva....
"Respiro" é um filme feliz. No sentido das obras completas. Daquelas em que temos mais dificuldades em dizer do que mais gost?mos, pois foi de tudo, o nosso enlevo.
"Respiro" é um filme Natural, porque tudo foi tratado para parecer estar a acontecer diante dos nossos olhos. A emoç?o é veros?mil. E, como alguém j? escreveu, d?-nos toda a força da melancolia através do embrulho do riso e da alegria.
Ao sair, s? tinha uma frase na cabeça, despropositada, mas n?o conseguia tir?-la de l?: no dia em que os portugueses conseguirem fazer um filme t?o simples e ao mesmo tempo t?o perfeito poderemos deixar de fazer bluff. N?o é preciso gritar "? formid?vel" quando esse estado de graça é totalmente evidente.
Sai-se do filme "Respiro", de Emanuele Crialese, com vontade de falar. Da hist?ria forte e impecavelmente contada; dos actores, maravilhosos de espontaneidade, t?o bem dirigidos que dir-se-ia estarem apenas a falar das suas vidas; da realizaç?o que mostra o detalhe para num golpe de travelling abrir o plano numa piet? colectiva....
"Respiro" é um filme feliz. No sentido das obras completas. Daquelas em que temos mais dificuldades em dizer do que mais gost?mos, pois foi de tudo, o nosso enlevo.

"Respiro" é um filme Natural, porque tudo foi tratado para parecer estar a acontecer diante dos nossos olhos. A emoç?o é veros?mil. E, como alguém j? escreveu, d?-nos toda a força da melancolia através do embrulho do riso e da alegria.
Ao sair, s? tinha uma frase na cabeça, despropositada, mas n?o conseguia tir?-la de l?: no dia em que os portugueses conseguirem fazer um filme t?o simples e ao mesmo tempo t?o perfeito poderemos deixar de fazer bluff. N?o é preciso gritar "? formid?vel" quando esse estado de graça é totalmente evidente.
22 de junho de 2003
HARRY, AQUELE QUE METE OS PUTOS A LER
Façam favor de continuar a desprezar, a dizer com desdém que não leram, se acham normal que milhões de miúdos por esse mundo fora façam bicha (ia dizer "fila", mas, porra!, centenas de pessoas, umas atrás das outras, com um único objectivo e criando um movimento próprio, não vai lá com tão correcto vocábulo) para comprar um calhamaço de 800 páginas. Eu não acho. E, garanto que não é como comprar um livro do Saramago: aquilo é mesmo para ler. Como uma febre, que devora a imaginação durante vários dias. Quem achar que escrever livros com estruturas tão aliciantes como esta é fácil que escreva a palavra "ingénuo" na frente do espelho.
Será J.K. Rowlings um "auror" ou uma espertalhaça com uma intuição do caraças para espicaçar o interesse dos leitores? Não sei, nem me parece uma pergunta importante perante este fenómeno.
Façam favor de continuar a desprezar, a dizer com desdém que não leram, se acham normal que milhões de miúdos por esse mundo fora façam bicha (ia dizer "fila", mas, porra!, centenas de pessoas, umas atrás das outras, com um único objectivo e criando um movimento próprio, não vai lá com tão correcto vocábulo) para comprar um calhamaço de 800 páginas. Eu não acho. E, garanto que não é como comprar um livro do Saramago: aquilo é mesmo para ler. Como uma febre, que devora a imaginação durante vários dias. Quem achar que escrever livros com estruturas tão aliciantes como esta é fácil que escreva a palavra "ingénuo" na frente do espelho.
Será J.K. Rowlings um "auror" ou uma espertalhaça com uma intuição do caraças para espicaçar o interesse dos leitores? Não sei, nem me parece uma pergunta importante perante este fenómeno.
RADICAL MOVIES
As "Curtas" da Sic Radical continuam a apresentar um interesse que passa para lá da ideia do "pega numa câmara e bora aí parvar". Em muitos casos, sente-se pulsar uma busca pela imagem que assenta numa linguagem muito mais próxima dos novos portugueses e de outros um pouco menos novos do que as presunçosas tentativas de novos mais mediáticos. Falha-lhes frequentemente o argumento. Mas até aí, nada de novo, no castelo do Papóovo...
E tudo sem custar um tostão ao erário público.
Abraço ao produtor Pedro Costa (não é esse, não: muito mais sensato, este!) e ao Francisco Penim, pela inusitado milagre de manterem um canal com interesse com um micro-orçamento.
As "Curtas" da Sic Radical continuam a apresentar um interesse que passa para lá da ideia do "pega numa câmara e bora aí parvar". Em muitos casos, sente-se pulsar uma busca pela imagem que assenta numa linguagem muito mais próxima dos novos portugueses e de outros um pouco menos novos do que as presunçosas tentativas de novos mais mediáticos. Falha-lhes frequentemente o argumento. Mas até aí, nada de novo, no castelo do Papóovo...
E tudo sem custar um tostão ao erário público.
Abraço ao produtor Pedro Costa (não é esse, não: muito mais sensato, este!) e ao Francisco Penim, pela inusitado milagre de manterem um canal com interesse com um micro-orçamento.
21 ANOS, SIM SENHOR
O príncipe William chegu à maioridade. Aos 21, ganhou aquele ar de totó que é apanágio das estrelas inglesas. Deve andar a fingir que se esfrega com alguma estrela da pop, às escondidas da avó que se ele não se põe a pau (e esse é capaz de vir a ser um problema no futuro, com tanta pressão mediática) lhe solta os rafeiros às canelas. O meu momento "Zen", como diria o Jon S. do "Daily News", na Radical, foi quando ouvi a fulgurante Judite de Sousa soltar um "parabéns ao príncipe". Espero que este cumprimento tenha sido seguido de um telegrama em nome de todos os portugueses. Afinal, foram palavras pagas com os nossos impostos.
O príncipe William chegu à maioridade. Aos 21, ganhou aquele ar de totó que é apanágio das estrelas inglesas. Deve andar a fingir que se esfrega com alguma estrela da pop, às escondidas da avó que se ele não se põe a pau (e esse é capaz de vir a ser um problema no futuro, com tanta pressão mediática) lhe solta os rafeiros às canelas. O meu momento "Zen", como diria o Jon S. do "Daily News", na Radical, foi quando ouvi a fulgurante Judite de Sousa soltar um "parabéns ao príncipe". Espero que este cumprimento tenha sido seguido de um telegrama em nome de todos os portugueses. Afinal, foram palavras pagas com os nossos impostos.
EXPRESSO
Tenho-me esquecido de chamar a atenção para a crítica televisivo-ensaística da última página do "Actual". Pedro d' Anunciação consegue associar uma bela figura física a uma prosa viva e cheia de actualidade. Esta semana, por exemplo, falou do "Rosa-choque", que já acabou, do aparecimento da Fátima Felgueiras (à volta da década de vinte do século XVIII, parece-me) na Rtp e sobre o Pedro Támen (que julgava excelente poeta, pessoa e tradutor, mas que desconhecia ter qualquer programa televisivo...).
Se alguém vir um morto a dar saltos na tumba, não ligue. Há-de ser o malogrado Mário Castrim, a reagir a tanta qualidade.
Tenho-me esquecido de chamar a atenção para a crítica televisivo-ensaística da última página do "Actual". Pedro d' Anunciação consegue associar uma bela figura física a uma prosa viva e cheia de actualidade. Esta semana, por exemplo, falou do "Rosa-choque", que já acabou, do aparecimento da Fátima Felgueiras (à volta da década de vinte do século XVIII, parece-me) na Rtp e sobre o Pedro Támen (que julgava excelente poeta, pessoa e tradutor, mas que desconhecia ter qualquer programa televisivo...).
Se alguém vir um morto a dar saltos na tumba, não ligue. Há-de ser o malogrado Mário Castrim, a reagir a tanta qualidade.
BLOGOPRINT
A imprensa escrita reage ao aparecimento dos blogs. Uns procurando insinuar que se trata de uma febre passageira, não comparável à imprensa escrita. São os que consideram o Abrupto como "a estrela da blogoesfera" (sic). São os que não estão a ver, ou se recusam a ver, um boi do que está a acontecer.
Outros sentem-se ameaçados, e escrevem editoriais inflamados que parecem ajustes de contas contra gente que nos últimos meses, mercê de um convívio diário, nos habituámos a respeitar e a simpatizar, mesmo se em muitos casos nunca nos vimos. É o caso do RAP, ou do Nuno Centeio. São como tiros ao lado, de quem vê o mundo a fugir-lhe debaixo dos pés.
Mas quando o ataque toca companheiros de trabalho que sabemos leais, dedicados e excelentes jornalistas, ficamos sem saber o que pensar...
Sem querer ser ingénuo, eu penso que o problema da blogosfera é igual ao aparecimento da SIC: veio tornar evidente a incompetência generalizada, o compadrio sem nome e o mau serviço que o serviço "público" nos prestava. Depois as coisas evoluíram noutras direcções mais comercialóides. Mas, da queda da máscara, já ninguém os livrou.
Recomendo a leitura do Dicionário do Pedro Mexia, sobre este assunto.
A imprensa escrita reage ao aparecimento dos blogs. Uns procurando insinuar que se trata de uma febre passageira, não comparável à imprensa escrita. São os que consideram o Abrupto como "a estrela da blogoesfera" (sic). São os que não estão a ver, ou se recusam a ver, um boi do que está a acontecer.
Outros sentem-se ameaçados, e escrevem editoriais inflamados que parecem ajustes de contas contra gente que nos últimos meses, mercê de um convívio diário, nos habituámos a respeitar e a simpatizar, mesmo se em muitos casos nunca nos vimos. É o caso do RAP, ou do Nuno Centeio. São como tiros ao lado, de quem vê o mundo a fugir-lhe debaixo dos pés.
Mas quando o ataque toca companheiros de trabalho que sabemos leais, dedicados e excelentes jornalistas, ficamos sem saber o que pensar...
Sem querer ser ingénuo, eu penso que o problema da blogosfera é igual ao aparecimento da SIC: veio tornar evidente a incompetência generalizada, o compadrio sem nome e o mau serviço que o serviço "público" nos prestava. Depois as coisas evoluíram noutras direcções mais comercialóides. Mas, da queda da máscara, já ninguém os livrou.
Recomendo a leitura do Dicionário do Pedro Mexia, sobre este assunto.
JÁ MEXE, THANK GOD
Regressado das areias, deparo-me via Zé Mário, com a volta do Pedro. Lá vou ter que ir à Template empoleirar este diabo :-)
Regressado das areias, deparo-me via Zé Mário, com a volta do Pedro. Lá vou ter que ir à Template empoleirar este diabo :-)
19 de junho de 2003
CRIAR
Cada dia que passa me convenço mais de que só é possível criar coisas interessantes se nos afastarmos do ruído dos "especialistas em cultura". Uns arrotam postas de pescada para um lado, os outros com a mesma veemência arrotam para o outro, e o desgraçado que se puser a ouvir isto tudo, fica ali no meio. Olha, a adiar eternamente a publicação do prometido romance. por exemplo. Conselho amigo: peguem na trouxa, desliguem o computador e vão para casa da avózinha, na província, escrever ou pintar.
Imaginem como seria difícil fazer um filho perfeito com freiras e diáconos em cima da cabeça... Não é falta de fé... é que não dá mesmo ;-)
Cada dia que passa me convenço mais de que só é possível criar coisas interessantes se nos afastarmos do ruído dos "especialistas em cultura". Uns arrotam postas de pescada para um lado, os outros com a mesma veemência arrotam para o outro, e o desgraçado que se puser a ouvir isto tudo, fica ali no meio. Olha, a adiar eternamente a publicação do prometido romance. por exemplo. Conselho amigo: peguem na trouxa, desliguem o computador e vão para casa da avózinha, na província, escrever ou pintar.
Imaginem como seria difícil fazer um filho perfeito com freiras e diáconos em cima da cabeça... Não é falta de fé... é que não dá mesmo ;-)
NEW KIDS ON THE BLOGS
O José Manuel abriu o seu próprio blog,(O link já funciona, visitem-no).
De Aviz, Francisco José Viegas também redige o seu.
Welcome to the matrix.
O José Manuel abriu o seu próprio blog,(O link já funciona, visitem-no).
De Aviz, Francisco José Viegas também redige o seu.
Welcome to the matrix.
RAPING NEWS
Atenção fans do bom humor do rapaz cego que costuma andar no metro com a frase: "Agradeço a quem tenha a bondade ou a possibilidade de me auxiliar" (e que acaba geralmente com "Ninguém se descose. Mais valia dar um tiro nos cornos!")... Ele aderiu à Santana Fashion. Vi-o hoje, na linha Azul, a "cantar" a frase, enquanto se fazia acompanhar por percussão, a saber, uma chapinha metálica na bengala. Em ritmo de rap. Fantástico: Agra---de--de---ço---a--quem--te-te-te-nhaá~~bnda--de--ouapossi-bili--da-da-de--demeauxilia-a--ar".
Penso que o quase-sucesso da cega Dona Rosa, a mulher dos ferrinhos, em terras alemãs constituiu um exemplo para ele. Ou então foi alguma directiva municipal a dizer que só mendiga quem cantar ou usar argolas nas orelhas. Como teve medo de não encontrar as orelhas debaixo da camada de sujidade, calculo que tenha escolhido o rap.
Atenção fans do bom humor do rapaz cego que costuma andar no metro com a frase: "Agradeço a quem tenha a bondade ou a possibilidade de me auxiliar" (e que acaba geralmente com "Ninguém se descose. Mais valia dar um tiro nos cornos!")... Ele aderiu à Santana Fashion. Vi-o hoje, na linha Azul, a "cantar" a frase, enquanto se fazia acompanhar por percussão, a saber, uma chapinha metálica na bengala. Em ritmo de rap. Fantástico: Agra---de--de---ço---a--quem--te-te-te-nhaá~~bnda--de--ouapossi-bili--da-da-de--demeauxilia-a--ar".
Penso que o quase-sucesso da cega Dona Rosa, a mulher dos ferrinhos, em terras alemãs constituiu um exemplo para ele. Ou então foi alguma directiva municipal a dizer que só mendiga quem cantar ou usar argolas nas orelhas. Como teve medo de não encontrar as orelhas debaixo da camada de sujidade, calculo que tenha escolhido o rap.
18 de junho de 2003
COMENTÁRIOS
Da Ana Alves, sobre Açores e melancolia:
"Dos Açores só conheço Santa Maria. Lembro-me de não ter conseguido pegar na máquina fotográfica durante dias, não conseguia disparar. O que é normal, tenho de ver sempre muito bem tudo antes de meter a máquina ao barulho. Mas naquele caso foi diferente. Era a omnipotência de que falas que impedia fosse o que fosse. Estive num farol muito parecido com esse. Impressionaram-me muito as pedras de basalto, pegar-lhes e ter consciência do fogo que as fez; dão um encanto especial às praias, um encanto muito antigo. Trouxe uma ou duas e gosto da superfície lisa, do tom baço, do peso :) Também me lembro da sensação do mar a estender-se enorme em volta por todos os lados, a impossibilidade de fuga... muito belo e muito assustador. Ana "
Da Ana Alves, sobre Açores e melancolia:
"Dos Açores só conheço Santa Maria. Lembro-me de não ter conseguido pegar na máquina fotográfica durante dias, não conseguia disparar. O que é normal, tenho de ver sempre muito bem tudo antes de meter a máquina ao barulho. Mas naquele caso foi diferente. Era a omnipotência de que falas que impedia fosse o que fosse. Estive num farol muito parecido com esse. Impressionaram-me muito as pedras de basalto, pegar-lhes e ter consciência do fogo que as fez; dão um encanto especial às praias, um encanto muito antigo. Trouxe uma ou duas e gosto da superfície lisa, do tom baço, do peso :) Também me lembro da sensação do mar a estender-se enorme em volta por todos os lados, a impossibilidade de fuga... muito belo e muito assustador. Ana "
CICLO AUTORES DRAMÁTICOS
Continua ainda por largos dias o ciclo de leitura de textos, inéditos e publicados, para teatro. Hoje, Jaime Rocha, excelente dramaturgo. Às 22 h, também, na livraria Eterno Retorno do Bairro Alto.
Portanto:
Dia 18 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Quinze minutos de glória(excerto - 2º Acto)
de Jaime Rocha
pelo “Teatro Mínimo”.
Dia 19 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Pertinho da torre Eiffel
de Abel Neves
com Ana Lúcia Palminha e Miguel Sermão.
Dia 20 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Nória e Prometeu – Palavras do Fogode Armando Nascimento Rosa
com Bruno Bravo, Catarina Matos, Élvio Camacho, Manuela Pedroso, Maria João Machado e Tiago Barbosa
Dia 21 de Junho - 22h
Clube dos Poetas Vivos
Alquimia(excerto)
de Carlos Alberto Machado
com Vitor Soares, Carlos Oliveira e Sílvia Barbeiro
Dia 22 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Naufrágio do Galeão (excertos)
de Joaquim Paulo Nogueira
pelo “Teatro Mínimo”.
Dia 23 de Junho - 22h
Livraria Ler Devagar
Assim se faz um canalha
de Helder Costa
com Catarina Santana, Luis Thomar e Gil Filipe
Dia 24 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
O significado da mobília
de Carlos Pessoa
com Carlos Oliveira, Cláudia Gaiolas, Maria João Vicente e Miguel Mendes
Dia 25 de Junho – 18.30h
Livraria Eterno Retorno
O erro humano (excertos)
de José Carretas e Teresa Faria
pelo “Teatroesfera”
Dia 25 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Sá Carneiro entre Circe e Penélope
de Maria do Céu Ricardo
Dia 26 de Junho – 18.30h
Livraria Eterno Retorno
“O vôo das borboletas”, “Os dias que nos dão" e "O vento que vem" (excertos)
de Luís Fonseca
com Álvaro Correia, Mónica Garnel
Dia 26 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Aero-portos
de Graça Corrêa
Dia 27 de Junho - 18.30h
Livraria Eterno Retorno
Pigs From Hellde Pedro Marques
com Dinarte Branco, João Saboga, Tonan Quito, Pedro Marques, Joana Bárcia, Cláudio da Silva, Cláudia Gaiolas
Dia 27 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
“O senhor Valery” e “A colher de Samuel Beckett”
de Gonçalo M. Tavares
Dia 28 de Junho – 22h
Livraria Ler Devagar
Still Life de João Santos Lopes
pelo “Teatro Esteiros”
Dia 29 de Junho - 22h
Livraria Eterno Retorno
A Esperança
de Jaime Salazar Sampaio
pelo “Teatro Independente de Loures”, dir. de Carlos Paneagua
Para um país que defende não ter autores dramáticos, não está mal.
Continua ainda por largos dias o ciclo de leitura de textos, inéditos e publicados, para teatro. Hoje, Jaime Rocha, excelente dramaturgo. Às 22 h, também, na livraria Eterno Retorno do Bairro Alto.
Portanto:
Dia 18 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Quinze minutos de glória(excerto - 2º Acto)
de Jaime Rocha
pelo “Teatro Mínimo”.
Dia 19 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Pertinho da torre Eiffel
de Abel Neves
com Ana Lúcia Palminha e Miguel Sermão.
Dia 20 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Nória e Prometeu – Palavras do Fogode Armando Nascimento Rosa
com Bruno Bravo, Catarina Matos, Élvio Camacho, Manuela Pedroso, Maria João Machado e Tiago Barbosa
Dia 21 de Junho - 22h
Clube dos Poetas Vivos
Alquimia(excerto)
de Carlos Alberto Machado
com Vitor Soares, Carlos Oliveira e Sílvia Barbeiro
Dia 22 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
Naufrágio do Galeão (excertos)
de Joaquim Paulo Nogueira
pelo “Teatro Mínimo”.
Dia 23 de Junho - 22h
Livraria Ler Devagar
Assim se faz um canalha
de Helder Costa
com Catarina Santana, Luis Thomar e Gil Filipe
Dia 24 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
O significado da mobília
de Carlos Pessoa
com Carlos Oliveira, Cláudia Gaiolas, Maria João Vicente e Miguel Mendes
Dia 25 de Junho – 18.30h
Livraria Eterno Retorno
O erro humano (excertos)
de José Carretas e Teresa Faria
pelo “Teatroesfera”
Dia 25 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Sá Carneiro entre Circe e Penélope
de Maria do Céu Ricardo
Dia 26 de Junho – 18.30h
Livraria Eterno Retorno
“O vôo das borboletas”, “Os dias que nos dão" e "O vento que vem" (excertos)
de Luís Fonseca
com Álvaro Correia, Mónica Garnel
Dia 26 de Junho – 22h
Clube dos Poetas Vivos
Aero-portos
de Graça Corrêa
Dia 27 de Junho - 18.30h
Livraria Eterno Retorno
Pigs From Hellde Pedro Marques
com Dinarte Branco, João Saboga, Tonan Quito, Pedro Marques, Joana Bárcia, Cláudio da Silva, Cláudia Gaiolas
Dia 27 de Junho – 22h
Livraria Eterno Retorno
“O senhor Valery” e “A colher de Samuel Beckett”
de Gonçalo M. Tavares
Dia 28 de Junho – 22h
Livraria Ler Devagar
Still Life de João Santos Lopes
pelo “Teatro Esteiros”
Dia 29 de Junho - 22h
Livraria Eterno Retorno
A Esperança
de Jaime Salazar Sampaio
pelo “Teatro Independente de Loures”, dir. de Carlos Paneagua
Para um país que defende não ter autores dramáticos, não está mal.
17 de junho de 2003
NO FUNDO, A MELANCOLIA
Nunca consegui ir "à praia", nos Açores. Mesmo quando ela existia e as vagas não se limitavam a deitarem-se em rochas. Fiz sempre como os que ali tinham nascido: "ia ao mar". E ir ao mar era como ir à igreja, ajoelhávamo-nos diante da omnipotência natural. E nessas circunstâncias, como noutras, sentíamos a mão do divino afagar-nos de leve a cabeça.

Nunca consegui ir "à praia", nos Açores. Mesmo quando ela existia e as vagas não se limitavam a deitarem-se em rochas. Fiz sempre como os que ali tinham nascido: "ia ao mar". E ir ao mar era como ir à igreja, ajoelhávamo-nos diante da omnipotência natural. E nessas circunstâncias, como noutras, sentíamos a mão do divino afagar-nos de leve a cabeça.
HORA DO CONTO: A LÉSBICA E O CARECA-2
" ... lhe parecia uma coisa de somenos importância.
- Ainda te vou comer, pega!- disse ele, para os botões. Estes não responderam, facto que ele tomou como uma anuência- Salto-te para cima, até gritares pelo médico.
E, sorrindo, pôs o seu plano em marcha. Usou a estratégia poética que resulta muito bem com as desfavorecidas da sorte e também com as muito favorecidas, que têm a mania que a fartura de corpo que Deus lhes deu traz água no bico. Mas esta última parte, ele não sabia, por isso ficou-se com a mais desengonçada.
Abreviando, ele comeu-a. Mas a coisa custou-lhe mais tentativas literárias do que tinha contado. Trinta e seis poemas que não tinham servido para mais nada que amolecer a resistência cambaleante da rapariga. Foi com uma coisinha do Álvaro de Campos (adaptado) que ela se rendeu e, suspirante, lhe abriu o que nunca abrira (e isto não é uma citação do Ary dos Santos sobre as maravilhas de Abril...). A título de curiosidade, diga-se que o aparelho ortopédico, não favoreceu a coisa e que, devido a um movimento impulsivo lhe esteve quase a custar parte do seu próprio equipamento.
Era agora, 22 anos depois, que estes poemas se iriam transformar em rimas. E de rimas em letras. E de letras em canções. E de canções em vingança.
Júlia também lutou com a guitarra, para lhe arrancar os acordes que lhe faltavam. Mas ela ainda ia consolando a alma, no corpo de uma camarada de luta, que encontrava num bar chamado, “As três malucas”, que era propriedade de uma antiga freira que ali tinha aplicado a herança da mãe beata e as economias das duas irmãs. Fizeram-no em parte por vingança à mãe, que lhe tinha chagado o juízo às três, em vida, empurrando duas para o casamento e outra para o convento."
(continua?)
" ... lhe parecia uma coisa de somenos importância.
- Ainda te vou comer, pega!- disse ele, para os botões. Estes não responderam, facto que ele tomou como uma anuência- Salto-te para cima, até gritares pelo médico.
E, sorrindo, pôs o seu plano em marcha. Usou a estratégia poética que resulta muito bem com as desfavorecidas da sorte e também com as muito favorecidas, que têm a mania que a fartura de corpo que Deus lhes deu traz água no bico. Mas esta última parte, ele não sabia, por isso ficou-se com a mais desengonçada.
Abreviando, ele comeu-a. Mas a coisa custou-lhe mais tentativas literárias do que tinha contado. Trinta e seis poemas que não tinham servido para mais nada que amolecer a resistência cambaleante da rapariga. Foi com uma coisinha do Álvaro de Campos (adaptado) que ela se rendeu e, suspirante, lhe abriu o que nunca abrira (e isto não é uma citação do Ary dos Santos sobre as maravilhas de Abril...). A título de curiosidade, diga-se que o aparelho ortopédico, não favoreceu a coisa e que, devido a um movimento impulsivo lhe esteve quase a custar parte do seu próprio equipamento.
Era agora, 22 anos depois, que estes poemas se iriam transformar em rimas. E de rimas em letras. E de letras em canções. E de canções em vingança.
Júlia também lutou com a guitarra, para lhe arrancar os acordes que lhe faltavam. Mas ela ainda ia consolando a alma, no corpo de uma camarada de luta, que encontrava num bar chamado, “As três malucas”, que era propriedade de uma antiga freira que ali tinha aplicado a herança da mãe beata e as economias das duas irmãs. Fizeram-no em parte por vingança à mãe, que lhe tinha chagado o juízo às três, em vida, empurrando duas para o casamento e outra para o convento."
(continua?)
LE TRAQUE
Não me lembro como é que se escreve, mas em francês é o que se sente antes de entrar em palco. É como estou agora, à simplicíssima ideia de ir partilhar um texto teatral, via dois extraordinários actores: Maria Rueff e José Pedro Gomes ;-)
ps: "ter o cu apertadinho" (em português)? lol
NOTA À POSTERIORI: E lá se passou. A leitura foi apreciada por uns, zurzida por outros. Como tinha que ser. De caminho extremaram-se e reuniram-se visões sobre o texto teatral.
Não me lembro como é que se escreve, mas em francês é o que se sente antes de entrar em palco. É como estou agora, à simplicíssima ideia de ir partilhar um texto teatral, via dois extraordinários actores: Maria Rueff e José Pedro Gomes ;-)
ps: "ter o cu apertadinho" (em português)? lol
NOTA À POSTERIORI: E lá se passou. A leitura foi apreciada por uns, zurzida por outros. Como tinha que ser. De caminho extremaram-se e reuniram-se visões sobre o texto teatral.
LEVANTA-TE E CHORA
Passa das 2 da manhã e o Fernando Rocha está em directo, na SIC, perante uma plateia em estado de hilariedade total. Novamente aplaudido de pé.
Imagino que seja um apelo à nossa tolerância e às alegrias da diversidade cultural. Outra hipótese interessante seria passar-lhe com um compressor por cima.
Passa das 2 da manhã e o Fernando Rocha está em directo, na SIC, perante uma plateia em estado de hilariedade total. Novamente aplaudido de pé.
Imagino que seja um apelo à nossa tolerância e às alegrias da diversidade cultural. Outra hipótese interessante seria passar-lhe com um compressor por cima.
TEATRO
Para quem acredita que é possível criar sem subsídios, "estreia" hoje, a minha peça "Hipnotizando Helena". Integrada no ciclo de de autores dramáticos no Bairro Alto, Lx, a leitura de excertos da peça estará a cargo de Maria Rueff, José Pedro Gomes (a confirmar, no momento em que escrevo) e deste vosso criado. Marcada para as 22 horas. Aconselha-se a chegada a horas razoáveis, porque o espaço da livraria Eterno Retorno não é imenso e quando se usa a expressão "teatro de rua" não é bem a propósito de se empoleirar à porta...
Trata-se de uma comédia dramática que fala de um psicoterapeuta indeciso entre trazer para a realidade aborrecida, a sua paciente, ou deixá-la no seu universo povoado de inúmeras personagens.
Entrada Livre.
CICLO AUTORES DRAMÁTICOS
"HIPNOTIZANDO HELENA"
Livraria Eterno Retorno, rua de S. Boaventura (a mesma da Ler Devagar, mas mais abaixo à esquerda).
Para quem acredita que é possível criar sem subsídios, "estreia" hoje, a minha peça "Hipnotizando Helena". Integrada no ciclo de de autores dramáticos no Bairro Alto, Lx, a leitura de excertos da peça estará a cargo de Maria Rueff, José Pedro Gomes (a confirmar, no momento em que escrevo) e deste vosso criado. Marcada para as 22 horas. Aconselha-se a chegada a horas razoáveis, porque o espaço da livraria Eterno Retorno não é imenso e quando se usa a expressão "teatro de rua" não é bem a propósito de se empoleirar à porta...
Trata-se de uma comédia dramática que fala de um psicoterapeuta indeciso entre trazer para a realidade aborrecida, a sua paciente, ou deixá-la no seu universo povoado de inúmeras personagens.
Entrada Livre.
CICLO AUTORES DRAMÁTICOS
"HIPNOTIZANDO HELENA"
Livraria Eterno Retorno, rua de S. Boaventura (a mesma da Ler Devagar, mas mais abaixo à esquerda).
16 de junho de 2003
SALVEM O "NOSSO" CINEMA
no Dn de hoje, Raquel Freire, que se assina por "cineasta", lança um pungente apelo a que se salve o cinema de "expressão artística" nacional. Aparentemente a nova lei que o Icam prepara poderia pôr em risco o que tem sido até agora considerado como um "paraíso artístico-subsidiado" de grande interesse. Desconheço os pormenores da lei, e é provável que venha a constituir um golpe em muitos trabalhos interessantes. Lá terão que pensar em arranjar financiamentos privados ou outra daquelas coisas horríveis que consiste em fazer filmes com interesse suficiente para preencher 2/3 de uma sala.
Raquel Freire diz: "é aqui (Portugal) que eu que eu quero construir projectos culturais com os meus amigos (...) É aqui que eu quero fazer filmes para serem vistos por portugueses como eu". Está certo. E desde já, não só lhe disponibilizo a minha câmara digital (um ccd, helàs), como se for preciso lhe empresto a minha cozinha para a projecção. Afinal, o seu público deve caber lá todo.
ps: Agora, a sério... Não se preocupe, continue, com os seus amigos a fazer pressão. Vai ver que eles voltam atrás e ficam no "nim". Até agora, com vários governos anteriores tem resultado. Porque é que seria diferente com este?
no Dn de hoje, Raquel Freire, que se assina por "cineasta", lança um pungente apelo a que se salve o cinema de "expressão artística" nacional. Aparentemente a nova lei que o Icam prepara poderia pôr em risco o que tem sido até agora considerado como um "paraíso artístico-subsidiado" de grande interesse. Desconheço os pormenores da lei, e é provável que venha a constituir um golpe em muitos trabalhos interessantes. Lá terão que pensar em arranjar financiamentos privados ou outra daquelas coisas horríveis que consiste em fazer filmes com interesse suficiente para preencher 2/3 de uma sala.
Raquel Freire diz: "é aqui (Portugal) que eu que eu quero construir projectos culturais com os meus amigos (...) É aqui que eu quero fazer filmes para serem vistos por portugueses como eu". Está certo. E desde já, não só lhe disponibilizo a minha câmara digital (um ccd, helàs), como se for preciso lhe empresto a minha cozinha para a projecção. Afinal, o seu público deve caber lá todo.
ps: Agora, a sério... Não se preocupe, continue, com os seus amigos a fazer pressão. Vai ver que eles voltam atrás e ficam no "nim". Até agora, com vários governos anteriores tem resultado. Porque é que seria diferente com este?
HORA DO CONTO-1
A LESBICA E O CARECA
Era uma vez uma lésbica que resolveu fazer um duo musical com um careca. O careca disse que sim porque já tinha emborcado três copos de gin revoltante, de marca impronunciável. E também porque a namorada o tinha deixado naquela mesma tarde e tudo nele, a começar pelo fígado, lhe pedia vingança. O corpo magro e com discretíssima penugem no peito fervia pela revanche e a proposta, encarnada no corpo e boca da mulher, caiu-lhe tão bem como uma mão amiga na testa de quem vomita.
- Vamos mostrar a estes cabrões quem é que é bom- disse ela.
Ele assentiu com a cabeça entontecida, mesmo se não sabia quem eram os cabrões nem como é que se operacionalizaria a coisa.
- Bora fazer um duo musical. Uma boys-band.
Nesta altura, ele teve discernimento para objectar que um gajo de 38 anos e uma mulher de 32 dificilmente seriam convincentes nesse papel.
Mas Júlia não era flor que se detivesse com estas questões menores. Num gesto, transpôs a vedação do problema.
- Pá... Um duo, então. Uma coisa que dê nas vistas.
E assim foi. Júlia atirou-se à guitarra e Martantónio à gaveta, de onde desencantou uns poemas que tinha escrito aos 16 anos para uma namorada coxa. Era uma coisa acerca da vitória da alma sobre a efemeridade do corpo. Uma treta que ele tinha inventado, à base de metáforas automobilísticas. Falava das desvantagens dos porshes (caros e pouco fiáveis) face aos wolkswagens que duravam uma vida. O tempo de um amor, portanto. Na verdade, o que se tinha passado era que ele estava podre de fome e timidez. Não conseguia fazer-se ouvir pelas boas de corpo, então vá de atacar a deficiente. Martantónio metera nos cornos que tinha que comer a estúpida da coxa. E mesmo a questão de como é que lhe havia de retirar as calças, sem desmontar a armação de metal que lhe segurava a anca, lhe parecia uma coisa de somenos importância.
(continua...)
A LESBICA E O CARECA
Era uma vez uma lésbica que resolveu fazer um duo musical com um careca. O careca disse que sim porque já tinha emborcado três copos de gin revoltante, de marca impronunciável. E também porque a namorada o tinha deixado naquela mesma tarde e tudo nele, a começar pelo fígado, lhe pedia vingança. O corpo magro e com discretíssima penugem no peito fervia pela revanche e a proposta, encarnada no corpo e boca da mulher, caiu-lhe tão bem como uma mão amiga na testa de quem vomita.
- Vamos mostrar a estes cabrões quem é que é bom- disse ela.
Ele assentiu com a cabeça entontecida, mesmo se não sabia quem eram os cabrões nem como é que se operacionalizaria a coisa.
- Bora fazer um duo musical. Uma boys-band.
Nesta altura, ele teve discernimento para objectar que um gajo de 38 anos e uma mulher de 32 dificilmente seriam convincentes nesse papel.
Mas Júlia não era flor que se detivesse com estas questões menores. Num gesto, transpôs a vedação do problema.
- Pá... Um duo, então. Uma coisa que dê nas vistas.
E assim foi. Júlia atirou-se à guitarra e Martantónio à gaveta, de onde desencantou uns poemas que tinha escrito aos 16 anos para uma namorada coxa. Era uma coisa acerca da vitória da alma sobre a efemeridade do corpo. Uma treta que ele tinha inventado, à base de metáforas automobilísticas. Falava das desvantagens dos porshes (caros e pouco fiáveis) face aos wolkswagens que duravam uma vida. O tempo de um amor, portanto. Na verdade, o que se tinha passado era que ele estava podre de fome e timidez. Não conseguia fazer-se ouvir pelas boas de corpo, então vá de atacar a deficiente. Martantónio metera nos cornos que tinha que comer a estúpida da coxa. E mesmo a questão de como é que lhe havia de retirar as calças, sem desmontar a armação de metal que lhe segurava a anca, lhe parecia uma coisa de somenos importância.
(continua...)
ORIENTAÇÃO FICCIONAL
Ao reler o post da tvi, ocorreu-me que poderia alguma senhora ou menina de orientação não-hetero, sentir-se ofendida. E, embora, não veja sinais públicos da existência de lésbicas em Portugal, com algumas excepções de rara aparição (pelo menos nos media), quero assegurar que neste blog se respeitam as diversidades todas. Nalguns casos até se promovem, como é o caso da instigação a tornar-se Honesto e Franco (grupos minoritários em vias de extinção).
Vai daí, lembrei-me de partilhar convosco (dando razão aos que embirram com o que eu escrevo), um conto familiar que comecei a escrever há um horror de tempo. Por ser leve e para toda a família, aqui inicio a publicação em fascículos irregulares, de "A LÉSBICA E O CARECA" ;-)
Ao reler o post da tvi, ocorreu-me que poderia alguma senhora ou menina de orientação não-hetero, sentir-se ofendida. E, embora, não veja sinais públicos da existência de lésbicas em Portugal, com algumas excepções de rara aparição (pelo menos nos media), quero assegurar que neste blog se respeitam as diversidades todas. Nalguns casos até se promovem, como é o caso da instigação a tornar-se Honesto e Franco (grupos minoritários em vias de extinção).
Vai daí, lembrei-me de partilhar convosco (dando razão aos que embirram com o que eu escrevo), um conto familiar que comecei a escrever há um horror de tempo. Por ser leve e para toda a família, aqui inicio a publicação em fascículos irregulares, de "A LÉSBICA E O CARECA" ;-)
15 de junho de 2003
RELIGIÃO
Nunca me canso de ver as missas da Tvi. O melhor espectáculo de circo do mundo. A de hoje foi formidável e ninguém vai acreditar no que eu vou escrever a seguir: para substituir a voz "angélica" dos rapazinhos, um dos coros convidados de hoje (não percebi se seria estrangeiro, pareceu-me) arranjou como vocalista uma lésbica (Por deus, se aquela não era lésbica, a Virgem não apareceu em Fátima! E não é preconceito...) de corte à rapazinho, vestida de fato completo e que cantou, com ar seráfico, músicas claramente escritas para coros de rapazes. Era uma mistura entre uma perversão sexual e um acto higiénico de politicamente correcto. Juro que não tinha explicação.
Uma coisa é certa: com aquela mulher, que disfarçava as mamas dentro uma camisa de corte austero, não haveria perigo de assédio sexual dos padres.
Nunca me canso de ver as missas da Tvi. O melhor espectáculo de circo do mundo. A de hoje foi formidável e ninguém vai acreditar no que eu vou escrever a seguir: para substituir a voz "angélica" dos rapazinhos, um dos coros convidados de hoje (não percebi se seria estrangeiro, pareceu-me) arranjou como vocalista uma lésbica (Por deus, se aquela não era lésbica, a Virgem não apareceu em Fátima! E não é preconceito...) de corte à rapazinho, vestida de fato completo e que cantou, com ar seráfico, músicas claramente escritas para coros de rapazes. Era uma mistura entre uma perversão sexual e um acto higiénico de politicamente correcto. Juro que não tinha explicação.
Uma coisa é certa: com aquela mulher, que disfarçava as mamas dentro uma camisa de corte austero, não haveria perigo de assédio sexual dos padres.
BLOGAR
Blogar é o contrário de estar morto, como diria a Lili Canecas. Na verdade, todos as pessoas sensatas sabem que se tiverem a ideia peregrina de abrirem um espaço público, nunca deverão falar de Política, Religião e Futebol. São as leis mínimas da prudência. Até agora estou a conseguir aguentar-me no que diz respeito ao futebol...
Blogar é o contrário de estar morto, como diria a Lili Canecas. Na verdade, todos as pessoas sensatas sabem que se tiverem a ideia peregrina de abrirem um espaço público, nunca deverão falar de Política, Religião e Futebol. São as leis mínimas da prudência. Até agora estou a conseguir aguentar-me no que diz respeito ao futebol...
AQUILO QUE RECEBO
Sabem o que me dá mesmo prazer nestes dias que vivo, além disso mesmo, estar vivo? É ver passar perto de mim, frequentemente com movimentos amigos, gente que vai ser. Ser ainda mais. Escritores que estão a encontrar-se, poetas que publicam os seus primeiros livros, argumentistas que recebem as primeiras recusas do ICAM... É como passear no início da Primavera, olhar o solo que acordou da geada e ver os primeiros caules. Nem todas as flores brilharão em mesas de salões. Mas o Verão há-de chegar para muitas delas. E será da Primavera que me lembrarei. Obrigado por partilharem comigo.
Sabem o que me dá mesmo prazer nestes dias que vivo, além disso mesmo, estar vivo? É ver passar perto de mim, frequentemente com movimentos amigos, gente que vai ser. Ser ainda mais. Escritores que estão a encontrar-se, poetas que publicam os seus primeiros livros, argumentistas que recebem as primeiras recusas do ICAM... É como passear no início da Primavera, olhar o solo que acordou da geada e ver os primeiros caules. Nem todas as flores brilharão em mesas de salões. Mas o Verão há-de chegar para muitas delas. E será da Primavera que me lembrarei. Obrigado por partilharem comigo.
14 de junho de 2003
CULTURA
Saudações ao David Luz. I rest my case. Estamos de acordo no essencial. O resto de facto são detalhes. :-)
Saudações ao David Luz. I rest my case. Estamos de acordo no essencial. O resto de facto são detalhes. :-)
BIG SHOW STRIKES BACK
Para os que acham que a nossa televisão está a bater no fundo, recomendo a visão da SIC GOLD.
É verdade, houve um tempo em que ranhosas embrulhadas num xaile disputavam um concurso de cantadeiras de subúrbio.
O que vale é que a Sic de 2003 nunca se lembraria de repetir a dose... Ou lembraria?
Para os que acham que a nossa televisão está a bater no fundo, recomendo a visão da SIC GOLD.

É verdade, houve um tempo em que ranhosas embrulhadas num xaile disputavam um concurso de cantadeiras de subúrbio.
O que vale é que a Sic de 2003 nunca se lembraria de repetir a dose... Ou lembraria?
13 de junho de 2003
BRAVE OLD WORD (MUU)
Numa reportagem sobre touros e touradas, na Sic, ouvi estas declarações:
"O touro existe para as touradas". Como as baleias existiam no séc.XIX para a produção de óleo, ou os homens e mulheres africanos para servirem nas roças, alguns anos antes... Imagino eu.
"Se não fossem as touradas, o touro bravo estaria extinto". Este parece-me um bom argumento e propunha que puséssemos de novo todos os tigres a ganhar a vida nos circos, os elefantes africanos a tocar campainhas e as serpentes albinas... Bem, as serpentes albinas... A fazer filmes de terror.
A nossa loura toureira limitou-se a declarar que "nunca tinha tido pena dos touros". Eu teria dela, se a visse nua, no meio de uma arena, com ferros a atravessar-lhe os pulmões e a quebrar-lhe os ossos. Mas, aparentemente, não vivemos no mesmo século.
Numa reportagem sobre touros e touradas, na Sic, ouvi estas declarações:
"O touro existe para as touradas". Como as baleias existiam no séc.XIX para a produção de óleo, ou os homens e mulheres africanos para servirem nas roças, alguns anos antes... Imagino eu.
"Se não fossem as touradas, o touro bravo estaria extinto". Este parece-me um bom argumento e propunha que puséssemos de novo todos os tigres a ganhar a vida nos circos, os elefantes africanos a tocar campainhas e as serpentes albinas... Bem, as serpentes albinas... A fazer filmes de terror.
A nossa loura toureira limitou-se a declarar que "nunca tinha tido pena dos touros". Eu teria dela, se a visse nua, no meio de uma arena, com ferros a atravessar-lhe os pulmões e a quebrar-lhe os ossos. Mas, aparentemente, não vivemos no mesmo século.
MAÇO DE TABAÇÔ
Li na TSF-On Line a propósito do debate sobre a instalação de uma fábrica de cromados em Tabaçô, "O secretário de Estado reagia às críticas do deputado socialista que alertou que a construção da fábrica foi rejeitada em Espanha e Grã-Bretanha por ser considerada potencialmente perigosa para a saúde humana e para o meio ambiente.
José Eduardo Martins rejeitou que o estudo de impacto ambiental em si seja o mais importante, considerando que a decisão de construção da fábrica resultou «da avaliação feita pela administração»." O presidente da autarquia também rejeitou as acusões, tranquilizando as populações que apesar da fábrica recorrer a materiais pesados, como o Crómio (que causa cancro hepático) era amiga do ambiente. Tanto mais que se situa na Zona Industrial (que fica a 1500 metros de altitude e sem contacto com o próprio planeta).
Não percebo o abaixo-assinado da população, então se um autarca já disse que era para confiar nas suas palavras e se a admnistração da fábrica também está contente com a sua localização está tudo certo.
Que mania de quererem dificultar a vida ao secretário de Estado do Ambiente que num governo dirigido por Manuela Ferreira Leite não há-de ter quaisquer pressões sobre as suas decisões.
Li na TSF-On Line a propósito do debate sobre a instalação de uma fábrica de cromados em Tabaçô, "O secretário de Estado reagia às críticas do deputado socialista que alertou que a construção da fábrica foi rejeitada em Espanha e Grã-Bretanha por ser considerada potencialmente perigosa para a saúde humana e para o meio ambiente.
José Eduardo Martins rejeitou que o estudo de impacto ambiental em si seja o mais importante, considerando que a decisão de construção da fábrica resultou «da avaliação feita pela administração»." O presidente da autarquia também rejeitou as acusões, tranquilizando as populações que apesar da fábrica recorrer a materiais pesados, como o Crómio (que causa cancro hepático) era amiga do ambiente. Tanto mais que se situa na Zona Industrial (que fica a 1500 metros de altitude e sem contacto com o próprio planeta).
Não percebo o abaixo-assinado da população, então se um autarca já disse que era para confiar nas suas palavras e se a admnistração da fábrica também está contente com a sua localização está tudo certo.
Que mania de quererem dificultar a vida ao secretário de Estado do Ambiente que num governo dirigido por Manuela Ferreira Leite não há-de ter quaisquer pressões sobre as suas decisões.
VILARELHO
Estive a folhear a revista Periférica, no seu novo número. E embora saiba de antemão que no seu imaginário (com alguma culpa minha e do ditado "quem não se sente , não é filho de boa gente...") tudo o que eu possa escrever aqui será tomado como um "ataque violento" digno de resposta baixa por todo o lado, gostaria apenas de dizer que me pareceu bem feita e com interesse.
Tem uma chamada de atenção para um fotógrafo holandês muito curioso (erwin olaf além de artigos sobre livros feitos, de uma maneira geral, com algum cuidado e atenção. E, graficamente, também se tomaram decisões maioritariamente interessantes.
Sei que adiantará de pouco estar a manifestar-me com honestidade, porque há sempre quem insista em ver o mundo a preto e branco, como um terreiro de luta onde maus e bons se defrontam, possuídos pelo seu imutável carácter, mas penso que há lugar para esta e outras revistas que se criam a partir de espaços distantes. A história da minha vida está cheia de envolvimento entusiástico em projectos desse género. Também queria acrescentar que não me parece de todo mau que se assumam com frontalidade divergências estéticas sobre o que é comummente considerado "bom" pela crítica. O compadrio e o nacional-porreirismo, ainda continuam a funcionar. Pelo contrário, e quem lê o Prazer_Inculto sabe que eu próprio o faço regularmente. Mas, mantenho que pegar num conjunto de obras com o único propósito de lhes encontrar defeitos me parece um exercício não só inútil, como redutor para quem tem certamente mais coisas para dizer. Todos os livros têm calcanhares de Aquiles. Pela simples razão que são escritos por homens e mulheres. Logo, imperfeitos. Nada de novo, portanto.
Este último número veio provar que com mais moderação poderão criar coisas mais interessantes. E atenção que "moderação" está longe, no meu entender, de "condescendência". Votos de bom e honesto trabalho.
Estive a folhear a revista Periférica, no seu novo número. E embora saiba de antemão que no seu imaginário (com alguma culpa minha e do ditado "quem não se sente , não é filho de boa gente...") tudo o que eu possa escrever aqui será tomado como um "ataque violento" digno de resposta baixa por todo o lado, gostaria apenas de dizer que me pareceu bem feita e com interesse.
Tem uma chamada de atenção para um fotógrafo holandês muito curioso (erwin olaf além de artigos sobre livros feitos, de uma maneira geral, com algum cuidado e atenção. E, graficamente, também se tomaram decisões maioritariamente interessantes.
Sei que adiantará de pouco estar a manifestar-me com honestidade, porque há sempre quem insista em ver o mundo a preto e branco, como um terreiro de luta onde maus e bons se defrontam, possuídos pelo seu imutável carácter, mas penso que há lugar para esta e outras revistas que se criam a partir de espaços distantes. A história da minha vida está cheia de envolvimento entusiástico em projectos desse género. Também queria acrescentar que não me parece de todo mau que se assumam com frontalidade divergências estéticas sobre o que é comummente considerado "bom" pela crítica. O compadrio e o nacional-porreirismo, ainda continuam a funcionar. Pelo contrário, e quem lê o Prazer_Inculto sabe que eu próprio o faço regularmente. Mas, mantenho que pegar num conjunto de obras com o único propósito de lhes encontrar defeitos me parece um exercício não só inútil, como redutor para quem tem certamente mais coisas para dizer. Todos os livros têm calcanhares de Aquiles. Pela simples razão que são escritos por homens e mulheres. Logo, imperfeitos. Nada de novo, portanto.
Este último número veio provar que com mais moderação poderão criar coisas mais interessantes. E atenção que "moderação" está longe, no meu entender, de "condescendência". Votos de bom e honesto trabalho.
PÚBLICO
Além do elogio fúnebre aos nossos amigos da Coluna, pelo seu director (que deveria andar a ler a imprensa escrita nacional e internacional e não este espaço em que muitas das coisas que se dizem são verdade e não fazem vender jornais, na minha opinião..., Tssc, Tsssc!) duas notícias me chamaram a atenção:
a) Humanos perdem pêlos para se tornarem mais atraentes. EU SABIA, que por alguma razão a minha frondosa marrafa, se estava progressivamente a esconder em direcção à testa. Já não preciso de inventar a desculpa de que me está a crescer desmesuradamente o cérebro.
b)Pai da ovelha Dolly (que Deus Tenha entre os seus cordeiros) foi autorizado a desenvolver a técnica do "Parto Virgem". Por um lado, parece-me bem: um homem que se envolveu com uma ovelha para bem da ciência, merece o maior respeito pela sua coragem. Por outro, as coisas não devem ter sido satisfatórias, ou não se lembraria de desenvolver uma técnica que envolvesse a virgindade das partenaires. Ou eu me engano muito ou não o voltaremos a ver fumar um cigarro, deitado de costas, num estábulo...
Além do elogio fúnebre aos nossos amigos da Coluna, pelo seu director (que deveria andar a ler a imprensa escrita nacional e internacional e não este espaço em que muitas das coisas que se dizem são verdade e não fazem vender jornais, na minha opinião..., Tssc, Tsssc!) duas notícias me chamaram a atenção:
a) Humanos perdem pêlos para se tornarem mais atraentes. EU SABIA, que por alguma razão a minha frondosa marrafa, se estava progressivamente a esconder em direcção à testa. Já não preciso de inventar a desculpa de que me está a crescer desmesuradamente o cérebro.
b)Pai da ovelha Dolly (que Deus Tenha entre os seus cordeiros) foi autorizado a desenvolver a técnica do "Parto Virgem". Por um lado, parece-me bem: um homem que se envolveu com uma ovelha para bem da ciência, merece o maior respeito pela sua coragem. Por outro, as coisas não devem ter sido satisfatórias, ou não se lembraria de desenvolver uma técnica que envolvesse a virgindade das partenaires. Ou eu me engano muito ou não o voltaremos a ver fumar um cigarro, deitado de costas, num estábulo...
IN GOD WE TRASTES
Tenho estado a conter-me, mas não aguento mais: Eu acredito em Fátima Felgueiras. Confesso que pertencia ao coro dos cépticos mas, desde que a vi chorar, que não posso clamar outra coisa que não seja: VOLTA, QUE TODOS OS BRAÇOS DE PORTUGAL ESTÃO À TUA ESPERA (Um deles, pelo menos, de certeza... Fica ali para os lados da Gomes Freire). Bem, diga-se em abono da verdade que eu acredito em QUALQUER pessoa que chore. Mulher, homem, criança-no-supermercado-a-fazer-birra-porque-quer-uma-consola-de-50-contos, todos... Estou convencido que se os chernes chorassem até neles acreditaria. Tenho um coração de pomba, é o que é.
Tenho estado a conter-me, mas não aguento mais: Eu acredito em Fátima Felgueiras. Confesso que pertencia ao coro dos cépticos mas, desde que a vi chorar, que não posso clamar outra coisa que não seja: VOLTA, QUE TODOS OS BRAÇOS DE PORTUGAL ESTÃO À TUA ESPERA (Um deles, pelo menos, de certeza... Fica ali para os lados da Gomes Freire). Bem, diga-se em abono da verdade que eu acredito em QUALQUER pessoa que chore. Mulher, homem, criança-no-supermercado-a-fazer-birra-porque-quer-uma-consola-de-50-contos, todos... Estou convencido que se os chernes chorassem até neles acreditaria. Tenho um coração de pomba, é o que é.
12 de junho de 2003
CULTURA
O David Luz, da Linha dos Nodos, iniciou uma discussão que me parece interessante. Dizemos, eu e ele, (episódio anterior, para nos situarmos):"permite-me acrescentar que a cultura não é só uma forma de impedir a estagnação: ela é a essência do progresso. Se pensarmos em Leonardo Da Vinci, em Copérnico, etc, etc, poderemos interrogar-nos sobre o que seria o mundo hoje se eles se tivessem limitado a aceitar o que já estava dado como adquirido; se não tivessem o espírito aberto pelas leituras e aprendizagens anteriores.
Caro Possidónio: Concordo apenas parcialmente. A cultura pode contribuir largamente para o progresso, mas há que não esquecer outros factores, como a economia, a tecnologia, as catástrofes, os movimentos políticos e militares. E que por vezes há avanços que provêm quase só do trabalho diligente de um ou poucos indivíduos (Bach, Einstein), ou de pessoas que são puros inovadores (Edison, ou os criadores do Google)."
Caro David, onde está a contradição? Não te parece que, se exceptuarmos as catástofres (e ainda assim...) por detrás da atitude de cada homem que inventa, cria estratégia militar ou política, etc, está um ser culturalmente rico? Ou pelo menos não-pobre? Se calhar era altura de entendermos a cultura como algo mais do que um somatório dos nomes das óperas e dos autores clássicos. Como uma solução orgânica que permite o aparecimento de outras coisas. Esses nomes e mesmo essas obras podem não constituir um fim em si, se perspectivarmos no sentido do progresso da Humanidade. Essa matéria contribuiu, sobretudo, para tornar mais "elástico" o seu espaço vital, logo, para dar a certeza a estes pensadores de que "poderia haver algo mais". É a diferença entre o homem que surra o filho porque não concebe outra maneira de o educar, e o que pensa numa estratégia para conseguir os seus objectivos. Não sei se a Marie Curie era apenas uma excelente técnica, mas julgo saber que o Einstein era sobretudo, curioso.
Um abraço e agradecem-se mais contribuições sobre este assunto.
O David Luz, da Linha dos Nodos, iniciou uma discussão que me parece interessante. Dizemos, eu e ele, (episódio anterior, para nos situarmos):"permite-me acrescentar que a cultura não é só uma forma de impedir a estagnação: ela é a essência do progresso. Se pensarmos em Leonardo Da Vinci, em Copérnico, etc, etc, poderemos interrogar-nos sobre o que seria o mundo hoje se eles se tivessem limitado a aceitar o que já estava dado como adquirido; se não tivessem o espírito aberto pelas leituras e aprendizagens anteriores.
Caro Possidónio: Concordo apenas parcialmente. A cultura pode contribuir largamente para o progresso, mas há que não esquecer outros factores, como a economia, a tecnologia, as catástrofes, os movimentos políticos e militares. E que por vezes há avanços que provêm quase só do trabalho diligente de um ou poucos indivíduos (Bach, Einstein), ou de pessoas que são puros inovadores (Edison, ou os criadores do Google)."
Caro David, onde está a contradição? Não te parece que, se exceptuarmos as catástofres (e ainda assim...) por detrás da atitude de cada homem que inventa, cria estratégia militar ou política, etc, está um ser culturalmente rico? Ou pelo menos não-pobre? Se calhar era altura de entendermos a cultura como algo mais do que um somatório dos nomes das óperas e dos autores clássicos. Como uma solução orgânica que permite o aparecimento de outras coisas. Esses nomes e mesmo essas obras podem não constituir um fim em si, se perspectivarmos no sentido do progresso da Humanidade. Essa matéria contribuiu, sobretudo, para tornar mais "elástico" o seu espaço vital, logo, para dar a certeza a estes pensadores de que "poderia haver algo mais". É a diferença entre o homem que surra o filho porque não concebe outra maneira de o educar, e o que pensa numa estratégia para conseguir os seus objectivos. Não sei se a Marie Curie era apenas uma excelente técnica, mas julgo saber que o Einstein era sobretudo, curioso.
Um abraço e agradecem-se mais contribuições sobre este assunto.
ESCÂNDALO EM HOGWARTS
Segundo o Profeta Diário, J.K. Rowlings poderá ter que prestar declarações no DIAP sobre o seu alegado envolvimento com um menor de óculos, conhecido pelas iniciais H.P. . As suspeitas assentam na denúncia de alguém Cujo Nome Não se Pode Dizer. Aquele Que Nós Sabemos terá ouvido uma conversa telefónica entre duas personagens de um quadro do castelo. Nessa conversação, o nome da escritora teria sido referido como tendo afirmado: "Esse HP, apesar de não passar de um puto remeloso, com uma vara muito fininha, tem-me dado horas de prazer. A mim e ao meu banqueiro particular". Este último eventual arguido não foi ainda identificado. Segundo algumas testemunhas, andará a monte, entre os canos do castelo, não deixando dormir a Murta Queixosa.
Snape e Herman José poderão vir a ser arrolados como testemunhas abonatórias.
Segundo o Profeta Diário, J.K. Rowlings poderá ter que prestar declarações no DIAP sobre o seu alegado envolvimento com um menor de óculos, conhecido pelas iniciais H.P. . As suspeitas assentam na denúncia de alguém Cujo Nome Não se Pode Dizer. Aquele Que Nós Sabemos terá ouvido uma conversa telefónica entre duas personagens de um quadro do castelo. Nessa conversação, o nome da escritora teria sido referido como tendo afirmado: "Esse HP, apesar de não passar de um puto remeloso, com uma vara muito fininha, tem-me dado horas de prazer. A mim e ao meu banqueiro particular". Este último eventual arguido não foi ainda identificado. Segundo algumas testemunhas, andará a monte, entre os canos do castelo, não deixando dormir a Murta Queixosa.
Snape e Herman José poderão vir a ser arrolados como testemunhas abonatórias.
11 de junho de 2003
A lV REPÚBLICA
Acontecimento inédito, A. João Jardim deu uma entrevista ao D.Notícias da Madeira.
Foi uma conversa interessante. Entre outras coisas, ele defende a necessidade de se instaurar uma lV República. Por "via da revisão constitucional" ou, caso não fosse possível, através do aparecimento de um candidato presidencial que "encare o mandato do povo como estando também a receber um mandato para proceder a um referendo constitucional". Garante "não ser um positivista" por isso, a legitimidade ficaria assegurada.
Interessado pela História, o actual presidente do Governo Regional considera que a desgovernação vem "desde as Invasões Francesas". Entusiasmado, e sem largar o charuto com que posou para a foto, A.J.J. vai mais longe, apontando como data ainda mais provável da instabilidade política "a Restauração da Independência, em 1640". Ainda bem que a entrevista só ocupava duas páginas do jornal, caso contrário o carismático líder teria encontrado motivos de desnorte nos portugueses na época das primeiras comunidades recolectoras que ocuparam o litoral. Ou mesmo antes.
O único problema é se, chegado a esse tempo primitivo, avançaria com a teoria que ninguém se apresentaria melhor como candidato presidencial que ele...
Acontecimento inédito, A. João Jardim deu uma entrevista ao D.Notícias da Madeira.
Foi uma conversa interessante. Entre outras coisas, ele defende a necessidade de se instaurar uma lV República. Por "via da revisão constitucional" ou, caso não fosse possível, através do aparecimento de um candidato presidencial que "encare o mandato do povo como estando também a receber um mandato para proceder a um referendo constitucional". Garante "não ser um positivista" por isso, a legitimidade ficaria assegurada.
Interessado pela História, o actual presidente do Governo Regional considera que a desgovernação vem "desde as Invasões Francesas". Entusiasmado, e sem largar o charuto com que posou para a foto, A.J.J. vai mais longe, apontando como data ainda mais provável da instabilidade política "a Restauração da Independência, em 1640". Ainda bem que a entrevista só ocupava duas páginas do jornal, caso contrário o carismático líder teria encontrado motivos de desnorte nos portugueses na época das primeiras comunidades recolectoras que ocuparam o litoral. Ou mesmo antes.
O único problema é se, chegado a esse tempo primitivo, avançaria com a teoria que ninguém se apresentaria melhor como candidato presidencial que ele...

O VENTO ASSOBIANDO NA BLOGOSFERA
Pacheco Pereira tem razão quando diz, a propósito dos sobressaltos da nossa jovem blogosfera (acho o nome perfeito): "Ventos mais agrestes atravessarão a blogosfera e haverá quem aqui não se sinta bem . Mas os defensores de uma sociedade genuinamente liberal devem saudar este crescimento , esta maior exposição , esta espécie de crise de crescimento . "
O que os blogues também vêm trazer à superfície é o nosso imenso défice democrático; a nossa incapacidade de ouvir a esquerda se somos de direita, ou de ouvir a direita quando somos de esquerda (ou de ouvir qualquer um dos dois, quando desacreditamos da política). A nossa falta de sentido de humor e de poder de encaixe também sobem à superfície em todo o seu esplendor.
As caixas de comentários, como muito bem refere o Ze´Mário, vieram dar um cariz interventivo e de abertura aos visitantes dos blogues, convertendo-os de elemento passivo em motor e amplificador da discussão. Quanto a mim, este é um dos aspectos mais interessantes deste processo. Tenho esperança, que com o tempo, sejam cada vez menos os reparos anónimos e os graffitis inconsequentes e mais as achegas para os debates.
Uma coisa e´certa: malta habituada ao "eu é que sou o presidente da Junta e o resto que não me critique" pode ir fazendo as malas. A blogosfera não é para corações fracos e muito menos para dogmatismos autoritários.
Pacheco Pereira tem razão quando diz, a propósito dos sobressaltos da nossa jovem blogosfera (acho o nome perfeito): "Ventos mais agrestes atravessarão a blogosfera e haverá quem aqui não se sinta bem . Mas os defensores de uma sociedade genuinamente liberal devem saudar este crescimento , esta maior exposição , esta espécie de crise de crescimento . "
O que os blogues também vêm trazer à superfície é o nosso imenso défice democrático; a nossa incapacidade de ouvir a esquerda se somos de direita, ou de ouvir a direita quando somos de esquerda (ou de ouvir qualquer um dos dois, quando desacreditamos da política). A nossa falta de sentido de humor e de poder de encaixe também sobem à superfície em todo o seu esplendor.
As caixas de comentários, como muito bem refere o Ze´Mário, vieram dar um cariz interventivo e de abertura aos visitantes dos blogues, convertendo-os de elemento passivo em motor e amplificador da discussão. Quanto a mim, este é um dos aspectos mais interessantes deste processo. Tenho esperança, que com o tempo, sejam cada vez menos os reparos anónimos e os graffitis inconsequentes e mais as achegas para os debates.
Uma coisa e´certa: malta habituada ao "eu é que sou o presidente da Junta e o resto que não me critique" pode ir fazendo as malas. A blogosfera não é para corações fracos e muito menos para dogmatismos autoritários.
EU PODIA ESCOLHER
Não tinha ideia.
Escolhi a paz.
A verdade e a beleza
deixei-as ir,
e também a sageza e a nostalgia -
até o amor,
que tão embevecido me olhava,
negras nuvens com ele se deslocavam.
Paz, era paz.
E nos recôndidos da minha alma
dançavam seres
de que nunca tinha sequer ouvido!
E no céu pendia um outro sol.
TOON TELLEGEN
Na tradução de Fernando Venâncio
Não tinha ideia.
Escolhi a paz.
A verdade e a beleza
deixei-as ir,
e também a sageza e a nostalgia -
até o amor,
que tão embevecido me olhava,
negras nuvens com ele se deslocavam.
Paz, era paz.
E nos recôndidos da minha alma
dançavam seres
de que nunca tinha sequer ouvido!
E no céu pendia um outro sol.
TOON TELLEGEN
Na tradução de Fernando Venâncio
SENILITAS
Não sei se o Nelson de Matos, do Grupo Planeta, já terá apagado o post em que alegadamente afirmaria "ter-me recusado" entrada no seu Parnaso pessoal...
Se com esta afirmação ele pretende abrir uma frente de peixeiros argumentos, desengane-se. Remeto-o para uns posts abaixo em que torno clara a minha posição sobre a utilidade da discussão. Se quisesse discutir sobre Literatura ou sobre outro tema interessante teria todo o gosto. Para discussão de mão na anca, vai-me desculpar, mas deixo a especialidade aos especialistas.
Permitam-me apenas manifestar a minha tristeza perante os efeitos que a velhice e a perda de poder de decisão têm nas pessoas. Quando nomes que nos habituámos a respeitar mentem e atacam senilmente escritores que se limitam a fazer o melhor que sabem, é tempo de parar para reflectir. No medo da morte, sobretudo.
Acredite que não lhe guardo rancor pelos disparates proferidos; pela forma como distorceu a realidade para "Ganhar".
Encerro, pela minha parte, este assunto. Escreva o que quiser, vivemos em democracia.
Sobre o meu valor como escritor, terá que perguntar aos meus leitores. Quanto a mim, acredite, considero-me apenas um, no meio de milhares de outros que vieram antes de mim e de tantos que ainda estão para vir. Aquilo que nunca serei é desonesto.
Não sei se o Nelson de Matos, do Grupo Planeta, já terá apagado o post em que alegadamente afirmaria "ter-me recusado" entrada no seu Parnaso pessoal...
Se com esta afirmação ele pretende abrir uma frente de peixeiros argumentos, desengane-se. Remeto-o para uns posts abaixo em que torno clara a minha posição sobre a utilidade da discussão. Se quisesse discutir sobre Literatura ou sobre outro tema interessante teria todo o gosto. Para discussão de mão na anca, vai-me desculpar, mas deixo a especialidade aos especialistas.
Permitam-me apenas manifestar a minha tristeza perante os efeitos que a velhice e a perda de poder de decisão têm nas pessoas. Quando nomes que nos habituámos a respeitar mentem e atacam senilmente escritores que se limitam a fazer o melhor que sabem, é tempo de parar para reflectir. No medo da morte, sobretudo.
Acredite que não lhe guardo rancor pelos disparates proferidos; pela forma como distorceu a realidade para "Ganhar".
Encerro, pela minha parte, este assunto. Escreva o que quiser, vivemos em democracia.
Sobre o meu valor como escritor, terá que perguntar aos meus leitores. Quanto a mim, acredite, considero-me apenas um, no meio de milhares de outros que vieram antes de mim e de tantos que ainda estão para vir. Aquilo que nunca serei é desonesto.
10 de junho de 2003
"AS ÂNSIAS DO SUL"
Ao ver esta notícia: “Os habitantes de Portalegre e de Évora consomem mesmo quase duas vezes mais ansiolíticos, sedativos e hipnóticos do que os de Bragança e de Faro” passou-me pela cabeça que um estudo sociológico interessante poderia ser investigar as relações... hee... afectivas entre os laboratórios de determinadas marcas de ansiolíticos e alguns médicos desses dois distritos. Aposto que são distantes, mas talvez fosse divertido, mesmo assim.
As coisas que a minha imaginação vai buscar...! Ai, ai, não tem emenda...
Ao ver esta notícia: “Os habitantes de Portalegre e de Évora consomem mesmo quase duas vezes mais ansiolíticos, sedativos e hipnóticos do que os de Bragança e de Faro” passou-me pela cabeça que um estudo sociológico interessante poderia ser investigar as relações... hee... afectivas entre os laboratórios de determinadas marcas de ansiolíticos e alguns médicos desses dois distritos. Aposto que são distantes, mas talvez fosse divertido, mesmo assim.
As coisas que a minha imaginação vai buscar...! Ai, ai, não tem emenda...
SUR MES LÈVRES
Quem me conhece sabe que eu não tenho paciência para banhadas. Sobretudo, as que nos chegam de alguns países com os quais criámos uma relação de escravidão cultural (esta ideia é igualmente válida para o vazadouro das majors americanas), incensadas por uma crítica apostada em ser "diferente". Por isso, penso que tomarão por sincera a minha apreciação do filme NOS MEUS LÁBIOS de Jacques Audiard, com um belíssimo argumento de Jacques Audiard e Tonino Benacquista.
Uma secretária surda e feia contrata como assistente um ex-presidiário apostado em melhorar a sua condição financeira. Acontece que ela também não está disposta a representar o papel submisso e infeliz que todos lhe atribuem...
Com Emmanuelle Devos, Olivier Gourmet, Olivier Perrier, Vincent Cassel, este é um filme imperdível.
Em Lisboa, no cinema Nimas e no Porto, no Passos Manuel. O resto do país vai ter que esperar pelo dvd ou pela boa vontade dos cine-clubes.
Quem me conhece sabe que eu não tenho paciência para banhadas. Sobretudo, as que nos chegam de alguns países com os quais criámos uma relação de escravidão cultural (esta ideia é igualmente válida para o vazadouro das majors americanas), incensadas por uma crítica apostada em ser "diferente". Por isso, penso que tomarão por sincera a minha apreciação do filme NOS MEUS LÁBIOS de Jacques Audiard, com um belíssimo argumento de Jacques Audiard e Tonino Benacquista.
Uma secretária surda e feia contrata como assistente um ex-presidiário apostado em melhorar a sua condição financeira. Acontece que ela também não está disposta a representar o papel submisso e infeliz que todos lhe atribuem...
Com Emmanuelle Devos, Olivier Gourmet, Olivier Perrier, Vincent Cassel, este é um filme imperdível.
Em Lisboa, no cinema Nimas e no Porto, no Passos Manuel. O resto do país vai ter que esperar pelo dvd ou pela boa vontade dos cine-clubes.
FEIRA DO LIVRO DE LISBOA
Amigos, gostaria de lançar o convite para uma conversa amena, à volta de umas entradas e de uns copos de vinho, no próximo sábado, dia 14, às 19 horas. O encontro e´no buraco por baixo do auditório da feira, onde está uma placa que diz "LANÇAMENTOS".
O amigo, jornalista e bloguista, Zé Mário Silva, vai provavelmente insistir em que estamos ali para o lançamento do meu último livro de contos. Por solidariedade para com o seu coração generoso, propunha que não o contrariássemos.Se ele quiser mesmo falar sobre o livro em questão, virtudes e defeitos da obra, lá terá que ser. Mas, o mais importante, repito, será não perder de vista a menina da entrada que é quem fornece as bebeduras e vitualhas. O resto é só Literatura.
Amigos, gostaria de lançar o convite para uma conversa amena, à volta de umas entradas e de uns copos de vinho, no próximo sábado, dia 14, às 19 horas. O encontro e´no buraco por baixo do auditório da feira, onde está uma placa que diz "LANÇAMENTOS".
O amigo, jornalista e bloguista, Zé Mário Silva, vai provavelmente insistir em que estamos ali para o lançamento do meu último livro de contos. Por solidariedade para com o seu coração generoso, propunha que não o contrariássemos.Se ele quiser mesmo falar sobre o livro em questão, virtudes e defeitos da obra, lá terá que ser. Mas, o mais importante, repito, será não perder de vista a menina da entrada que é quem fornece as bebeduras e vitualhas. O resto é só Literatura.

FLORICULTURA
Embora fascinado com a tese do RAP sobre a origem da palavra "estufar" e a sua ligação ao partido comunista, gostaria de defender outra hipótese. Talvez JPP se referisse ao acto de estufar carros de uma forma mais imaginativa e poética. E se o referido camarada dedicasse os seus dias a transformar a 4L do Partido em Estufa? Não me parece descabido, atendendo às ligações profundas com o campesinato, que um militante tentasse fazer florir Abril entre as quatros rodas de um utilitário de pequeno porte. Mais: isso seria um símbolo da profunda ligação entre o proletariado (a massa trabalhadora da antiga Renault de Setúbal, por exemplo) e os alegres trabalhadores da Reforma Agrária. Estufar um carro seria, no fundo, a alavanca que faltaria para unir todos os explorados deste mundo.
Perante esta hipótese, só me resta declamar: "Ninguém há-de estofar as portas que Abril abriu!"
Embora fascinado com a tese do RAP sobre a origem da palavra "estufar" e a sua ligação ao partido comunista, gostaria de defender outra hipótese. Talvez JPP se referisse ao acto de estufar carros de uma forma mais imaginativa e poética. E se o referido camarada dedicasse os seus dias a transformar a 4L do Partido em Estufa? Não me parece descabido, atendendo às ligações profundas com o campesinato, que um militante tentasse fazer florir Abril entre as quatros rodas de um utilitário de pequeno porte. Mais: isso seria um símbolo da profunda ligação entre o proletariado (a massa trabalhadora da antiga Renault de Setúbal, por exemplo) e os alegres trabalhadores da Reforma Agrária. Estufar um carro seria, no fundo, a alavanca que faltaria para unir todos os explorados deste mundo.
Perante esta hipótese, só me resta declamar: "Ninguém há-de estofar as portas que Abril abriu!"
9 de junho de 2003
CAMPO DE BATALHA
Só agora reparo que o Tiago, na Voz do Deserto (tentei fazer link mas vai parar a " http://is.netster.com/Index.asp?Site=dm96ZG9kZXNlcnRvLmJsb3Nwb3QuY29t"... e antes que seja mal interpretado, e abra aqui alguma frente de equívocos, retirei-o) refere a minha posição sobre a "gestão" dos nossos próprios posts: "A questão é que, por vezes, a melhor forma de honrarmos o nosso opositor é não abandoná-lo no campo de batalha. Não era o Unamuno que dizia que a guerra podia ser um acto de amor?". Embora ache que colocas as coisas de uma forma bela e justa, só gostaria de acrescentar que a oposição (para alguns, a "guerra") se faz perante ideias que justificam. Nem tudo o que se escreve sobre/contra nós merece resposta. Aliás, muito pouca coisa merece sequer um estremecimento. Quando muito, uma reflexão sobre "o que diabo terei eu dito ou feito que espicaçou esta pessoa?". E se o lado humano nos levar a reagir a quente; estupidamente, a quente, então não vejo mal nenhum em recuar e deixar que a ira despropositada que causámos e que fez ricochete em nós, tenha tempo de voltar ao tamanho justo. Não apagarei nada que posso proporcionar uma discussão construtiva. Fica a promessa.
Só agora reparo que o Tiago, na Voz do Deserto (tentei fazer link mas vai parar a " http://is.netster.com/Index.asp?Site=dm96ZG9kZXNlcnRvLmJsb3Nwb3QuY29t"... e antes que seja mal interpretado, e abra aqui alguma frente de equívocos, retirei-o) refere a minha posição sobre a "gestão" dos nossos próprios posts: "A questão é que, por vezes, a melhor forma de honrarmos o nosso opositor é não abandoná-lo no campo de batalha. Não era o Unamuno que dizia que a guerra podia ser um acto de amor?". Embora ache que colocas as coisas de uma forma bela e justa, só gostaria de acrescentar que a oposição (para alguns, a "guerra") se faz perante ideias que justificam. Nem tudo o que se escreve sobre/contra nós merece resposta. Aliás, muito pouca coisa merece sequer um estremecimento. Quando muito, uma reflexão sobre "o que diabo terei eu dito ou feito que espicaçou esta pessoa?". E se o lado humano nos levar a reagir a quente; estupidamente, a quente, então não vejo mal nenhum em recuar e deixar que a ira despropositada que causámos e que fez ricochete em nós, tenha tempo de voltar ao tamanho justo. Não apagarei nada que posso proporcionar uma discussão construtiva. Fica a promessa.
PELA PIA ABAIXO
É impressão minha ou já começou o volte-face que vai conduzir à paridela do rato da montanha casa pia? O principal torcionário já vai em maluco, as amnistias cobrem quase tudo... Fora os trunfos que estão guardados nas mangas Armani dos advogados contratados.
Se eu fosse a taróloga Azteka, diria que sim, que haverá algumas condenações: oriundas dos mais estúpidos que confessarem e dos que não tiverem dinheiro ou influência. E que depois tudo voltará ao "normal". Como sempre.
Ah, malandros, confesso que por momentos acreditei na Justiça...
Assim, já me parece mais o meu país pequenino.
É impressão minha ou já começou o volte-face que vai conduzir à paridela do rato da montanha casa pia? O principal torcionário já vai em maluco, as amnistias cobrem quase tudo... Fora os trunfos que estão guardados nas mangas Armani dos advogados contratados.
Se eu fosse a taróloga Azteka, diria que sim, que haverá algumas condenações: oriundas dos mais estúpidos que confessarem e dos que não tiverem dinheiro ou influência. E que depois tudo voltará ao "normal". Como sempre.
Ah, malandros, confesso que por momentos acreditei na Justiça...
Assim, já me parece mais o meu país pequenino.
8 de junho de 2003
OLD ME
O Ponto diz que eu tenho nome de deputado do PSN :-) É das coisas mais sensatas que tenho ouvido nos últimos tempos. Solidário tento ser. E velhinho... Tenho dias em que me sinto mais para lá do que para cá ;-) Um abraço.
ps: E juro que me continua a chegar cá o blog em letras garrafais...
O Ponto diz que eu tenho nome de deputado do PSN :-) É das coisas mais sensatas que tenho ouvido nos últimos tempos. Solidário tento ser. E velhinho... Tenho dias em que me sinto mais para lá do que para cá ;-) Um abraço.
ps: E juro que me continua a chegar cá o blog em letras garrafais...
MENSAGEM DO SENDER
No meu ecrã, irrompe uma mensagem: "O Rapha é uma prostituta, é verdade porke eu conheço kem tenha pago. This message was sent with IP Explosion Software..."
Mesmo lamentando a quebra de relações entre o analfabeto e Rapha, a prostituta, sempre é uma variante dos pop ups "Orlando Vacations!". Ao menos não apela a nada que apeteça conhecer...
No meu ecrã, irrompe uma mensagem: "O Rapha é uma prostituta, é verdade porke eu conheço kem tenha pago. This message was sent with IP Explosion Software..."
Mesmo lamentando a quebra de relações entre o analfabeto e Rapha, a prostituta, sempre é uma variante dos pop ups "Orlando Vacations!". Ao menos não apela a nada que apeteça conhecer...
AUDIÊNCIAS
O Miguel E. Cardoso tem razão na constatação desta coisa simples: "A plateia não existe. E muito menos o 1º ou o 2º balcão.".
Seria tudo tão mais fácil se a consciência desta verdade chegasse mais cedo.
O Miguel E. Cardoso tem razão na constatação desta coisa simples: "A plateia não existe. E muito menos o 1º ou o 2º balcão.".
Seria tudo tão mais fácil se a consciência desta verdade chegasse mais cedo.
O MUNDO A CORES
Um dos espaços em que a RTP continua a acertar é o dos programas "ecológicos" do domingo de manhã. No Bombordo de hoje podemos tomar consciência do estado em que se encontram os nossos mares e das consequências de uma pesca desenfreada.
Mais uns aninhos e poderemos nadar por todo lado sem medo dos tubarões... Ou dos bacalhaus, ou dos espadartes, ou.... ou...
Um dos espaços em que a RTP continua a acertar é o dos programas "ecológicos" do domingo de manhã. No Bombordo de hoje podemos tomar consciência do estado em que se encontram os nossos mares e das consequências de uma pesca desenfreada.

7 de junho de 2003
JPC
Uma das razões porque pensei em criar o meu blog, 3 meses e meio atrás, foi o J. Pereira Coutinho. Ao ler os seus posts souvent reaccionários e provocatórios, caía que nem um pato e respondia. Depois, com o tempo, percebi que uma boa parte era pose e que outra parte tinha um fundo de razão... Ou de uma possível razão. Vejo agora que vai abandonar a Coluna Infame e parece-me que a blogoesfera fica um pouco mais pobre. Quanto às prometidas "novidades", se fôr um blog a solo, não irei ver. Porque isso lhe acrescentaria uma legitimidade que me parece pouco interessante. Com todo o respeito, acho que há bebidas que não devem ser servidas puras.
Mas, um abraço e boa sorte na mesma.
Uma das razões porque pensei em criar o meu blog, 3 meses e meio atrás, foi o J. Pereira Coutinho. Ao ler os seus posts souvent reaccionários e provocatórios, caía que nem um pato e respondia. Depois, com o tempo, percebi que uma boa parte era pose e que outra parte tinha um fundo de razão... Ou de uma possível razão. Vejo agora que vai abandonar a Coluna Infame e parece-me que a blogoesfera fica um pouco mais pobre. Quanto às prometidas "novidades", se fôr um blog a solo, não irei ver. Porque isso lhe acrescentaria uma legitimidade que me parece pouco interessante. Com todo o respeito, acho que há bebidas que não devem ser servidas puras.
Mas, um abraço e boa sorte na mesma.
EM NOME DO FILHO
Fico com a ideia que a questão da adopção está a ser conduzida segundo dois movimentos originários da mesma raiz. Na origem estará uma legítima vontade de diminuir o número de crianças sem família; gente que cresce por metade (e que passam o resto da vida a encher a outra metade com todos os líquidos nocivos que a sua baixa autoestima inventa). Quanto à forma de lá chegar, as coisas dividem-se entre os grupos do "muito bem...mas", sendo que o "mas" corresponde à sua visão de modelo funcional de sociedade. E os que acrescentam a expressão "incluíndo também". A proposta destes últimos é a mais arriscada, logo imediatamente rejeitada pelos nossos políticos. Parte do pressuposto que a sociedade é constituída por vários grupos e que família pode ser outra coisa que pai, mãe e apartamento. E esta é a causa principal da alergia: para a maioria dos portugueses ou da sua prática verbal, não podem existir outras formas de estar. Logo, duas mulheres que se amam estão completamente erradas; fracassaram na mais elementar das coisas que é "arranjar homem". Como é que lhe poderemos confiar uma criança? Se nem delas conseguem tratar? Não mencionando que se têm essa terrível doença que é a não-heterossexualidade como garantir que não contagiarão a criança? O melhor é não correr riscos.
Quanto aos homens ainda pior. Embora se tenha ultrapassado a fase de cuspir no chão em público enquanto se grita "matem-me esses paneleiros todos", ainda vivemos (nas cidades, leia-se) um tempo em que se diz "cada um na sua", mas que entre os amigos se confidencia que "o sacana do roto do Tavares disse que me considerava seu amigo: Fdsse!!!". Educarem uma criança? Fdsseeeeeeeee!!!!
Etc., etc.
Na verdade, está-se apenas a retardar a inevitável integração dos vários grupos... E a consequente atribuição de direitos. Talvez fosse altura de lembrar que uma das razões porque o divórcio foi ilegal no nosso país foi para "evitar a discriminação dos filhos pelas outras crianças". Agora, quem é que é marginalizado no recreio por isto?
Acho absolutamente inútil que se façam debates apaixonados pelo assunto. O tempo tudo nivelará. Claro que esse tempo que está para vir já não será o tempo das crianças de hoje. Mas, que diabo, elas que cresçam o melhor que forem capazes. E se não recuperarem do oito emocional em que se encontram, paciência. Cá teremos as prisões e os centros de recuperação para toxicodependentes à sua espera...
Dramático? Nem por isso.
Fico com a ideia que a questão da adopção está a ser conduzida segundo dois movimentos originários da mesma raiz. Na origem estará uma legítima vontade de diminuir o número de crianças sem família; gente que cresce por metade (e que passam o resto da vida a encher a outra metade com todos os líquidos nocivos que a sua baixa autoestima inventa). Quanto à forma de lá chegar, as coisas dividem-se entre os grupos do "muito bem...mas", sendo que o "mas" corresponde à sua visão de modelo funcional de sociedade. E os que acrescentam a expressão "incluíndo também". A proposta destes últimos é a mais arriscada, logo imediatamente rejeitada pelos nossos políticos. Parte do pressuposto que a sociedade é constituída por vários grupos e que família pode ser outra coisa que pai, mãe e apartamento. E esta é a causa principal da alergia: para a maioria dos portugueses ou da sua prática verbal, não podem existir outras formas de estar. Logo, duas mulheres que se amam estão completamente erradas; fracassaram na mais elementar das coisas que é "arranjar homem". Como é que lhe poderemos confiar uma criança? Se nem delas conseguem tratar? Não mencionando que se têm essa terrível doença que é a não-heterossexualidade como garantir que não contagiarão a criança? O melhor é não correr riscos.
Quanto aos homens ainda pior. Embora se tenha ultrapassado a fase de cuspir no chão em público enquanto se grita "matem-me esses paneleiros todos", ainda vivemos (nas cidades, leia-se) um tempo em que se diz "cada um na sua", mas que entre os amigos se confidencia que "o sacana do roto do Tavares disse que me considerava seu amigo: Fdsse!!!". Educarem uma criança? Fdsseeeeeeeee!!!!
Etc., etc.
Na verdade, está-se apenas a retardar a inevitável integração dos vários grupos... E a consequente atribuição de direitos. Talvez fosse altura de lembrar que uma das razões porque o divórcio foi ilegal no nosso país foi para "evitar a discriminação dos filhos pelas outras crianças". Agora, quem é que é marginalizado no recreio por isto?
Acho absolutamente inútil que se façam debates apaixonados pelo assunto. O tempo tudo nivelará. Claro que esse tempo que está para vir já não será o tempo das crianças de hoje. Mas, que diabo, elas que cresçam o melhor que forem capazes. E se não recuperarem do oito emocional em que se encontram, paciência. Cá teremos as prisões e os centros de recuperação para toxicodependentes à sua espera...
Dramático? Nem por isso.
6 de junho de 2003
O CORAÇÃO
"Demos-lhe sementes; não muitas,
mas quanto bastasse para não se cansar;
água lhe demos, apenas um dedal,
para a fonte lhe recordar.
Abrimos tão pouco a porta,
para que os céus lhe batessem no olhar
e à gaiola um pequeno espelho prendemos
para de frente a nuvem poder contemplar.
Quieta se sentava, com as asas palpitantes.
Assim ela cantava."
Solveig von Schoultz
(trad. José Agostinho Baptista)
"Demos-lhe sementes; não muitas,
mas quanto bastasse para não se cansar;
água lhe demos, apenas um dedal,
para a fonte lhe recordar.
Abrimos tão pouco a porta,
para que os céus lhe batessem no olhar
e à gaiola um pequeno espelho prendemos
para de frente a nuvem poder contemplar.
Quieta se sentava, com as asas palpitantes.
Assim ela cantava."
Solveig von Schoultz
(trad. José Agostinho Baptista)
BREAKING NEWS
Durão Barroso vai ser recebido na Casa Branca para falar sobre o Iraque. Segundo consta, George Bush terá começado uma ronda de consultas sobre "onde deverá descobrir as armas de destruição massiva". Barroso, aparentemente, ainda está sem ideias para o referido brainstorming, mas parece que vai avançar com a proposta de serem os pirotécnicos portugueses a fornecer os materiais para a encenação. George Bush, contudo, deverá recusar esta proposta alegando que os nossos foguetes rebentam MESMO e que ainda algum soldado americano se poderia aleijar.
Durão Barroso vai ser recebido na Casa Branca para falar sobre o Iraque. Segundo consta, George Bush terá começado uma ronda de consultas sobre "onde deverá descobrir as armas de destruição massiva". Barroso, aparentemente, ainda está sem ideias para o referido brainstorming, mas parece que vai avançar com a proposta de serem os pirotécnicos portugueses a fornecer os materiais para a encenação. George Bush, contudo, deverá recusar esta proposta alegando que os nossos foguetes rebentam MESMO e que ainda algum soldado americano se poderia aleijar.
RECTIFICAÇÃO
Afinal, parece que Edite Estrela não vai ter que responder à Justiça a propósito da acusação de "peculato". A linguísta que já tinha preparado a sua defesa pela alegação de que os autos do processo estariam inquinados com erros de ortografia (alguns haveria de ter...) pode descansar. Bem como os funcionários do tribunal responsáveis pela redacção dos documentos que se teriam defendido afirmando basearem-se rigorosamente no "PRONTUÁRIO JPP".
"Seria um processo ridículo", poderá ter dito E. Estrela."Se alguém foi vista com um saco de paradoxos, litotes e prosopeias, não fui eu, que sempre embirrei com tais maneirismos".
Afinal, parece que Edite Estrela não vai ter que responder à Justiça a propósito da acusação de "peculato". A linguísta que já tinha preparado a sua defesa pela alegação de que os autos do processo estariam inquinados com erros de ortografia (alguns haveria de ter...) pode descansar. Bem como os funcionários do tribunal responsáveis pela redacção dos documentos que se teriam defendido afirmando basearem-se rigorosamente no "PRONTUÁRIO JPP".
"Seria um processo ridículo", poderá ter dito E. Estrela."Se alguém foi vista com um saco de paradoxos, litotes e prosopeias, não fui eu, que sempre embirrei com tais maneirismos".

5 de junho de 2003
JOGO DO DICIONÁRIO
Com uma vénia ao PM, aqui fica, para iluminação geral, o primeiro vocábulo de uma série de muitos.
"cornamusa" (do fr. cornemuse). Instrumento de sopro também conhecido por... gaita-de-foles.
Com uma vénia ao PM, aqui fica, para iluminação geral, o primeiro vocábulo de uma série de muitos.
"cornamusa" (do fr. cornemuse). Instrumento de sopro também conhecido por... gaita-de-foles.
A 24ª HORA
Para que não me chamem preconceituoso, hoje comprei o "24 Horas". Belo Jornal e tem muita cor. Fiquei a saber coisas que nunca poderia saber noutro qualquer orgão informativo. Por exemplo:
"Ferro foi espremido durante 6 horas". Eu nem sabia que se podia retirar líquidos a um mineral, vejam lá.
"Maria João queria ver Rosete na final da OP". Embora quando se lê o artigo se perceba que a cantora de jazz tenha apenas afirmado que sente saudades dos seus "pupilos" (melhor do que sentir das pupilas, o que a colocaria na classe dos invisuais que dando lugar a estacionamento à porta, não serve de muito, já que os carros não emitem ultrasons...).
E ainda...
"Bibi bufa tudo". Já se sabe que se o Bibi bufa algo está podre no reino da Dinamarca.
Nos anúncios "Relax", aprendi que (provavelmente por um preço razoável) se pode encomendar: "Um casal de brasileiros... Cabritos" (não percebi, se já cozinhados), uma "Boazona de peitos atrevidos" ou "Um rapagão jogador de voley..." (não lhe telefonem de manhã porque ele é capaz de ter treino). Ah, para quem procura casa, também se vê, na mesma página uma referência a um apartamento na 2ª circular. Aparentemente, já traz uma inquilina "sensual e elegante", dentro.
Amanhã, vai o "Crime".
Para que não me chamem preconceituoso, hoje comprei o "24 Horas". Belo Jornal e tem muita cor. Fiquei a saber coisas que nunca poderia saber noutro qualquer orgão informativo. Por exemplo:
"Ferro foi espremido durante 6 horas". Eu nem sabia que se podia retirar líquidos a um mineral, vejam lá.
"Maria João queria ver Rosete na final da OP". Embora quando se lê o artigo se perceba que a cantora de jazz tenha apenas afirmado que sente saudades dos seus "pupilos" (melhor do que sentir das pupilas, o que a colocaria na classe dos invisuais que dando lugar a estacionamento à porta, não serve de muito, já que os carros não emitem ultrasons...).
E ainda...
"Bibi bufa tudo". Já se sabe que se o Bibi bufa algo está podre no reino da Dinamarca.
Nos anúncios "Relax", aprendi que (provavelmente por um preço razoável) se pode encomendar: "Um casal de brasileiros... Cabritos" (não percebi, se já cozinhados), uma "Boazona de peitos atrevidos" ou "Um rapagão jogador de voley..." (não lhe telefonem de manhã porque ele é capaz de ter treino). Ah, para quem procura casa, também se vê, na mesma página uma referência a um apartamento na 2ª circular. Aparentemente, já traz uma inquilina "sensual e elegante", dentro.
Amanhã, vai o "Crime".
POSTO DE ESCUTA
É uma experiência interessante ir até lá e ouvir. As vozes tão diferenciadas e plurais dos bloguistas vagueiam neste blog como se fosse de noite. E tomamos contacto com novas pessoas e "locais" onde não iríamos naturalmente. E voltamos mais ricos desta caçada nocturna. Obrigado :-)
É uma experiência interessante ir até lá e ouvir. As vozes tão diferenciadas e plurais dos bloguistas vagueiam neste blog como se fosse de noite. E tomamos contacto com novas pessoas e "locais" onde não iríamos naturalmente. E voltamos mais ricos desta caçada nocturna. Obrigado :-)
4 de junho de 2003
QUO VADIS
Uma das perguntas da não-bloguista (TSSc, TSScc... ;-) ) Anabela Mota Ribeiro aos participantes foi para onde julgavam eles que a blogoesfera caminharia. Embora a futurologia não seja o meu forte (talvez fosse interessante seguir caso de outros países onde o fenómeno existe há mais tempo) parece-me que caminhará para onde caminham todas as coisas que caem no goto (tradução lusófona: "que agradam inesperadamente") das multidões: para a banalização e para o seu aproveitamento financeiro. Se este fenómeno veio para ficar, como forma de comunicação, de expressão ou de qualquer outra coisa a perceber, então, muita gente mais aderirá. E onde há muita gente há a possibilidade de lucro. E onde há essa possibilidade há tubarões, que não sendo animais nojentos ainda assim têm hábitos alimentares próprios. Depressa os esqualos perceberão "o que está a dar", onde aumentar a fogueira para melhor condimentar e conservar as espécies valiosas. As outras serão eliminadas ou terão que procurar águas mais saudáveis. And so on...
Por isso, amigos e bloguinimigos (a existirem): vamos aproveitar este efémero momento de discussão e tolerância. Remetendo para a Virgínia Wolf, a felicidade "é agora". Não vamos gastar as nossas energias em querelas que sejam menos que memoráveis ou em posts que sejam muito mais que apenas sinceros ou brilhantes. O Prazer inculto e descomprometido é este que estamos agora mesmo a sentir.
Uma das perguntas da não-bloguista (TSSc, TSScc... ;-) ) Anabela Mota Ribeiro aos participantes foi para onde julgavam eles que a blogoesfera caminharia. Embora a futurologia não seja o meu forte (talvez fosse interessante seguir caso de outros países onde o fenómeno existe há mais tempo) parece-me que caminhará para onde caminham todas as coisas que caem no goto (tradução lusófona: "que agradam inesperadamente") das multidões: para a banalização e para o seu aproveitamento financeiro. Se este fenómeno veio para ficar, como forma de comunicação, de expressão ou de qualquer outra coisa a perceber, então, muita gente mais aderirá. E onde há muita gente há a possibilidade de lucro. E onde há essa possibilidade há tubarões, que não sendo animais nojentos ainda assim têm hábitos alimentares próprios. Depressa os esqualos perceberão "o que está a dar", onde aumentar a fogueira para melhor condimentar e conservar as espécies valiosas. As outras serão eliminadas ou terão que procurar águas mais saudáveis. And so on...
Por isso, amigos e bloguinimigos (a existirem): vamos aproveitar este efémero momento de discussão e tolerância. Remetendo para a Virgínia Wolf, a felicidade "é agora". Não vamos gastar as nossas energias em querelas que sejam menos que memoráveis ou em posts que sejam muito mais que apenas sinceros ou brilhantes. O Prazer inculto e descomprometido é este que estamos agora mesmo a sentir.
A EXPLICAÇÃO COMENTADA
Parece que o servidor que suporta os comentários está com problemas. Pelo menos foi este o texto que me enviaram:
"O Comentar foi tirado do ar novamente. A Aidi está tentando descobrir o que ocorre com o servidor, para isso tirou o Comentar e mais três outras contas "pesadas" para verificar se o problema está em uma dessas contas. Estou de mãos atadas e totalmente impotente frente a esse problema."
Vou tentar outro.
Parece que o servidor que suporta os comentários está com problemas. Pelo menos foi este o texto que me enviaram:
"O Comentar foi tirado do ar novamente. A Aidi está tentando descobrir o que ocorre com o servidor, para isso tirou o Comentar e mais três outras contas "pesadas" para verificar se o problema está em uma dessas contas. Estou de mãos atadas e totalmente impotente frente a esse problema."
Vou tentar outro.
SIC TIAZORRA
Que a Sic Mulher era um canal fascizóide (onde e´que eles estavam no 25 de abril?) já se tinha percebido. Bastava que o seu talkshow principal, o 6º Sentido, fosse conduzida por uma trintona (estou a ser porreiro) fascinada por famílias numerosas e tias que sabem (vagamente) fazer canapés. Esse programa, onde de vez em quando aparecem pessoas estimáveis, verdade seja dita, esforça-se diariamente por passar um modelo ideológico que deve fazer corar de alegria e de esperança a Opus Dei toda.
Mas, ontem, naquela coisa que eles compraram em saldos chamada "A outra metade", em que homens arrancam os pêlos das pernas para ver se dói ou se passeiam de saltos altos para ver se excita (no comments), apareceu uma mulher que "tinha abandonado a filha". Perante uma plateia de débeis mentais e um apresentador absolutamente hostil, esta mulher teve que se justificar das razões por que foi ela a sair de casa durante o divórcio. Não entrava na cabeça incendiada do apresentador que se ela fosse O PAI, ele nem sequer se estaria a perguntar o porquê da criança ficar entregue aos cuidados de um dos parentes, sendo visitada uma vez por semana pelo outro. O preconceito sobre o papel obrigatoriamente sagrado da mulher na procriação e no acto de educar esmagava toda a argumentação. A convidada foi vilpendiada não só perante aquela gentalha toda, mas ainda por nós, que pagamos a TV Cabo todos os meses.
Que a Sic Mulher era um canal fascizóide (onde e´que eles estavam no 25 de abril?) já se tinha percebido. Bastava que o seu talkshow principal, o 6º Sentido, fosse conduzida por uma trintona (estou a ser porreiro) fascinada por famílias numerosas e tias que sabem (vagamente) fazer canapés. Esse programa, onde de vez em quando aparecem pessoas estimáveis, verdade seja dita, esforça-se diariamente por passar um modelo ideológico que deve fazer corar de alegria e de esperança a Opus Dei toda.
Mas, ontem, naquela coisa que eles compraram em saldos chamada "A outra metade", em que homens arrancam os pêlos das pernas para ver se dói ou se passeiam de saltos altos para ver se excita (no comments), apareceu uma mulher que "tinha abandonado a filha". Perante uma plateia de débeis mentais e um apresentador absolutamente hostil, esta mulher teve que se justificar das razões por que foi ela a sair de casa durante o divórcio. Não entrava na cabeça incendiada do apresentador que se ela fosse O PAI, ele nem sequer se estaria a perguntar o porquê da criança ficar entregue aos cuidados de um dos parentes, sendo visitada uma vez por semana pelo outro. O preconceito sobre o papel obrigatoriamente sagrado da mulher na procriação e no acto de educar esmagava toda a argumentação. A convidada foi vilpendiada não só perante aquela gentalha toda, mas ainda por nós, que pagamos a TV Cabo todos os meses.
DESCOMENTARIZAÇÃO
Companheiros: estou a ter problemas com o programa de comentários que utilizo. Não sei se é castigo dos deuses, mas após um período de repouso, eles tornaram-se intermitentes por vontade própria. Ou pelo menos, eu não os consigo visualizar no meu computador... (agradeço feedback).
Por isso, relembro que o endereço acima indicado está à vossa disposição.
Espero resolver rapidamente o problema.
Companheiros: estou a ter problemas com o programa de comentários que utilizo. Não sei se é castigo dos deuses, mas após um período de repouso, eles tornaram-se intermitentes por vontade própria. Ou pelo menos, eu não os consigo visualizar no meu computador... (agradeço feedback).
Por isso, relembro que o endereço acima indicado está à vossa disposição.
Espero resolver rapidamente o problema.
3 de junho de 2003
AS COISAS QUE INTERESSAM
Na verdade, enquanto nós estamos aqui a coçar os nossos umbiguinhos bem tratados, há várias mulheres que aguardam a hora da leitura do julgamento. Dentro de algumas horas, um grupo de homens terá decidido se eles vão viver ou ser enterradas até à cintura e lapidadas. Sabem o que é ser lapidado? É sentir a carne a ser arrancada, pedrada após pedrada; é desejar que nos atirem uma rocha maior que nos deixe inconsciente enquanto as outras nos fazem a cabeça e o corpo em estilhaços.
Isto parece demagogia intelectual? Então ofereçam-se para trocar de lugar com elas. Para os carrascos não seria assim tão diferente, executar um "pecador" ou outro...
Na verdade, enquanto nós estamos aqui a coçar os nossos umbiguinhos bem tratados, há várias mulheres que aguardam a hora da leitura do julgamento. Dentro de algumas horas, um grupo de homens terá decidido se eles vão viver ou ser enterradas até à cintura e lapidadas. Sabem o que é ser lapidado? É sentir a carne a ser arrancada, pedrada após pedrada; é desejar que nos atirem uma rocha maior que nos deixe inconsciente enquanto as outras nos fazem a cabeça e o corpo em estilhaços.
Isto parece demagogia intelectual? Então ofereçam-se para trocar de lugar com elas. Para os carrascos não seria assim tão diferente, executar um "pecador" ou outro...
A ETIQUETA BLOGUIANA
Não existe lá muito bem definida. Que me lembre apenas fazer o link para o blog mencionado aparece como a inovação fundamental. Esta medida simples parece-me da mais elementar democracia, porque permite ver a outra face da questão ou aprofundar o assunto pela leitura da fonte.
Não me consta que seja falta de etiqueta alterar os nossos próprios posts emendando gralhas, às vezes a mão demasiado impulsiva ou remetendo as polémicas de caquinha para o seu lugar na hierarquia das coisas. É chato ter que lembrar isto,mas um blog é a casa de uma ou várias pessoas que abrem, com mais ou menos honestidade intelectual, as suas portas aos outros. Às opiniões dos outros. Geralmente de forma útil, já que conseguem obter uma razoável percentagem de comentários e visões interessantes.
O que me parece desonestidade, e esse assunto já foi aflorado noutros blogues, é que as pessoas se escondam por detrás de "nicks". É preciso lembrar que o Ku-Klux-Klan usava barretes a tapar as caras?; que os torcionários e bombistas pelo mundo fora tapam o rosto e encobrem os nomes enquanto cometem toda a espécie de atrocidades motivadas por razões inconfessáveis. A nossa "blogoesfera" é pequenina, caseirinha, somos apenas algumas centenas. Mas em breve seremos milhares. Não seria de bom tom começar a assumir quem somos, dizendo francamente o que pensamos? Eu sei que isso pode parecer assustador, mas se olharmos em volta, para os melhores exemplos dos nossos blogues, todos sabemos quem escreve o blog-de-esquerda, a coluna infame ou a Janela Indiscreta, só para dar alguns exemplos... Vamos lá a acabar com a herança salazarenta e assumirmos a defesa das nossas ideias. E, já agora, lembro que se discutem Ideias. Não, Pessoas.
Não existe lá muito bem definida. Que me lembre apenas fazer o link para o blog mencionado aparece como a inovação fundamental. Esta medida simples parece-me da mais elementar democracia, porque permite ver a outra face da questão ou aprofundar o assunto pela leitura da fonte.
Não me consta que seja falta de etiqueta alterar os nossos próprios posts emendando gralhas, às vezes a mão demasiado impulsiva ou remetendo as polémicas de caquinha para o seu lugar na hierarquia das coisas. É chato ter que lembrar isto,mas um blog é a casa de uma ou várias pessoas que abrem, com mais ou menos honestidade intelectual, as suas portas aos outros. Às opiniões dos outros. Geralmente de forma útil, já que conseguem obter uma razoável percentagem de comentários e visões interessantes.
O que me parece desonestidade, e esse assunto já foi aflorado noutros blogues, é que as pessoas se escondam por detrás de "nicks". É preciso lembrar que o Ku-Klux-Klan usava barretes a tapar as caras?; que os torcionários e bombistas pelo mundo fora tapam o rosto e encobrem os nomes enquanto cometem toda a espécie de atrocidades motivadas por razões inconfessáveis. A nossa "blogoesfera" é pequenina, caseirinha, somos apenas algumas centenas. Mas em breve seremos milhares. Não seria de bom tom começar a assumir quem somos, dizendo francamente o que pensamos? Eu sei que isso pode parecer assustador, mas se olharmos em volta, para os melhores exemplos dos nossos blogues, todos sabemos quem escreve o blog-de-esquerda, a coluna infame ou a Janela Indiscreta, só para dar alguns exemplos... Vamos lá a acabar com a herança salazarenta e assumirmos a defesa das nossas ideias. E, já agora, lembro que se discutem Ideias. Não, Pessoas.
LIDO NA IMP...BLOGA (?!)
O Ricardo volta fazer o ponto da situação sobre as coisas passíveis de servirem de objecto de humor (ou de crítica), isto é: as que valem a pena.
"Não quero com isto dizer que a direita tem menos sentido de humor do que a esquerda. Escrevo humor há anos suficientes para saber do que é que ambas as casas gastam. Há de tudo em todo o lado. E há, sobretudo, um fenómeno que o Miguel Góis identificou muito bem num post anterior: todos gostamos muito de rir desde que não se faça humor com o nosso quintalinho."
Vão ler.
O Ricardo volta fazer o ponto da situação sobre as coisas passíveis de servirem de objecto de humor (ou de crítica), isto é: as que valem a pena.
"Não quero com isto dizer que a direita tem menos sentido de humor do que a esquerda. Escrevo humor há anos suficientes para saber do que é que ambas as casas gastam. Há de tudo em todo o lado. E há, sobretudo, um fenómeno que o Miguel Góis identificou muito bem num post anterior: todos gostamos muito de rir desde que não se faça humor com o nosso quintalinho."
Vão ler.
2 de junho de 2003
BEING OUT OF MY WORLD
Ainda sobre as coisas que nos passam ao lado, escreve a Vera Martins:
"Estive estes dias em Coimbra. Fui com o propósito do Direito e Justiça no séc. XXI, Colóquio Internacional, fui meio escondida. Estava lá o Presidente, a Ministra e especialistas internacionais em Justiça.
Descobri através do contacto com gajos esclarecidos da interioridade que nós, lisboetas, somos odiados pelo resto do Portugal. A sério que não desconfiava porque frequento muito o minho e o alentejo. Mas estes que conheci são os que têm de vir e de ir no intercidades para ver umas coisas clássicas na Gulbenkian...não são as modistas e os lavradores com quem costumo conversar.
A sério que fico triste: eles sabem que levamos uma vida esfuziante de merda e odeiam-nos por termos as exposições, os lançamentos, e todos os concertos de grande qualidade capazes de atenuar a vida de merda que levamos. A sério que estou confundida. Chamam-nos"convencidamente limitados". Porra, ainda bem que não acreditavam que eu era uma verdadeira lisboeta".
Este assunto faz-me lembrar as confusões via correspondência que tinha quando fui morar para os Açores, na minha adolescência. Volta e meia via-me embrulhado em discussões que derivavam de alguma coisa que um dos meus amigos, ou eu próprio, escrevíamos e a que a distância tinha adulterado. É difícil para quem está nos centros de decisão entender o que se passa no outro extremo do país. Sabe-se lá o que é que a vizinhança de uma vila transmontana diz entre si sobre a forma como o governo deveria administrar o Estado. E vice-versa: como é que se pode esperar que alguém que mora para lá de Silves ou do Marão entenda que não é fácil viver em Lisboa, no meio da confusão, da poluição e da competição desenfreada? Facilmente se imagina que a capital é um pomar em que basta estender a mão para colher os frutos. Não é. Ou não teríamos cada vez mais gente a dormir nos vãos de escada, enrolados em caixas de papelão...
O que está a acontecer é a distorção provocada pela lente da distância.
Ainda sobre as coisas que nos passam ao lado, escreve a Vera Martins:
"Estive estes dias em Coimbra. Fui com o propósito do Direito e Justiça no séc. XXI, Colóquio Internacional, fui meio escondida. Estava lá o Presidente, a Ministra e especialistas internacionais em Justiça.
Descobri através do contacto com gajos esclarecidos da interioridade que nós, lisboetas, somos odiados pelo resto do Portugal. A sério que não desconfiava porque frequento muito o minho e o alentejo. Mas estes que conheci são os que têm de vir e de ir no intercidades para ver umas coisas clássicas na Gulbenkian...não são as modistas e os lavradores com quem costumo conversar.
A sério que fico triste: eles sabem que levamos uma vida esfuziante de merda e odeiam-nos por termos as exposições, os lançamentos, e todos os concertos de grande qualidade capazes de atenuar a vida de merda que levamos. A sério que estou confundida. Chamam-nos"convencidamente limitados". Porra, ainda bem que não acreditavam que eu era uma verdadeira lisboeta".
Este assunto faz-me lembrar as confusões via correspondência que tinha quando fui morar para os Açores, na minha adolescência. Volta e meia via-me embrulhado em discussões que derivavam de alguma coisa que um dos meus amigos, ou eu próprio, escrevíamos e a que a distância tinha adulterado. É difícil para quem está nos centros de decisão entender o que se passa no outro extremo do país. Sabe-se lá o que é que a vizinhança de uma vila transmontana diz entre si sobre a forma como o governo deveria administrar o Estado. E vice-versa: como é que se pode esperar que alguém que mora para lá de Silves ou do Marão entenda que não é fácil viver em Lisboa, no meio da confusão, da poluição e da competição desenfreada? Facilmente se imagina que a capital é um pomar em que basta estender a mão para colher os frutos. Não é. Ou não teríamos cada vez mais gente a dormir nos vãos de escada, enrolados em caixas de papelão...
O que está a acontecer é a distorção provocada pela lente da distância.
CURTAS ÀS 4as
No cine222, lá vem mais um punhado delas. Maduras e sumarentas que nem só de novidades verdes se faz a vida.
En une poignée de mains amies, fleuve qui, par dessous les ponts, ouvre la porte de la mer..., de Jean Rouch e outros (Argumento baseado num poema de Manoel de Oliveira)
Lettre à Freddy Buache, de Jean-Luc Godard
Hong Kong, de Gerard Holthuis
Mort à Vignole, de Olivier Smolders
Au bout du monde, de Konstantin Bronzit
É na próxima 4a, às 17h, 19h15, 21h45.
Os bilhetes, os 3.50 € do costume.
No cine222, lá vem mais um punhado delas. Maduras e sumarentas que nem só de novidades verdes se faz a vida.
En une poignée de mains amies, fleuve qui, par dessous les ponts, ouvre la porte de la mer..., de Jean Rouch e outros (Argumento baseado num poema de Manoel de Oliveira)
Lettre à Freddy Buache, de Jean-Luc Godard
Hong Kong, de Gerard Holthuis
Mort à Vignole, de Olivier Smolders
Au bout du monde, de Konstantin Bronzit
É na próxima 4a, às 17h, 19h15, 21h45.
Os bilhetes, os 3.50 € do costume.

ZONA DE COMENTÁRIOS
Sobre o post das Marias Madalenas, a Sandra escreveu-me, assegurando-me que a saúde das freiras fica muito periclitante, sempre que alguém vê o filme...
Acrescenta ainda, a propósito da manipulação matrixiana que alegremente sofremos e da minha esperança que as coisas melhorem, um dia, o seguinte:
"Acho que nunca irá acontecer... o mundo irá acabar num grande estouro provocado
pelo homem, ou num planeta perfeitamente estéril, consumido, abusado até ao
último recurso. No fim ainda haverá algum cataclismo que o homem culpará. E até
esse dia as pessoas continuarão a precisar de alguém que pense por elas, que
tome todas as decisões por elas. Alguém, que no instante final, possam sempre
culpar por as coisas terem corrido mal. É muito mais fácil e cómodo ser-se
manipulado do que ter que tomar decisões e arcar com as responsabilidades das
mesmas.
E tudo é desculpabilizado a quem tem o poder (politico ou religioso) nas mãos.
Não se pensa sequer em questionar com medo de se ser abandonado."
Concordo que a maioria das pessoas tem medo de naufragar numa ilha deserta. O que fazer sem o "Club Med" assusta a maioria. Mesmo os que ficarão sempre na entrada a segurar nas malas.
Sobre o post das Marias Madalenas, a Sandra escreveu-me, assegurando-me que a saúde das freiras fica muito periclitante, sempre que alguém vê o filme...
Acrescenta ainda, a propósito da manipulação matrixiana que alegremente sofremos e da minha esperança que as coisas melhorem, um dia, o seguinte:
"Acho que nunca irá acontecer... o mundo irá acabar num grande estouro provocado
pelo homem, ou num planeta perfeitamente estéril, consumido, abusado até ao
último recurso. No fim ainda haverá algum cataclismo que o homem culpará. E até
esse dia as pessoas continuarão a precisar de alguém que pense por elas, que
tome todas as decisões por elas. Alguém, que no instante final, possam sempre
culpar por as coisas terem corrido mal. É muito mais fácil e cómodo ser-se
manipulado do que ter que tomar decisões e arcar com as responsabilidades das
mesmas.
E tudo é desculpabilizado a quem tem o poder (politico ou religioso) nas mãos.
Não se pensa sequer em questionar com medo de se ser abandonado."
Concordo que a maioria das pessoas tem medo de naufragar numa ilha deserta. O que fazer sem o "Club Med" assusta a maioria. Mesmo os que ficarão sempre na entrada a segurar nas malas.
TIRAS
Para quem se dedica à leitura das histórias com ratos, insectos e outros seres estranhos no Diário de Notícias, aqui fica o endereço do Níquel Náusea.
Para quem se dedica à leitura das histórias com ratos, insectos e outros seres estranhos no Diário de Notícias, aqui fica o endereço do Níquel Náusea.
1 de junho de 2003
VIOLINOS NA NET
O site das Letras de Paganini, coordenado por Pedro Farinha e com a colaboração de várias pessoas interessantes, fez o favor de me perguntar coisas. Quem tiver curiosidade, faça o favor de passar por lá. Se não tiverem pachorra para a entrevista, ignorem-na que não fico chateado ;-) Há lá mais coisas de interesse.
O site das Letras de Paganini, coordenado por Pedro Farinha e com a colaboração de várias pessoas interessantes, fez o favor de me perguntar coisas. Quem tiver curiosidade, faça o favor de passar por lá. Se não tiverem pachorra para a entrevista, ignorem-na que não fico chateado ;-) Há lá mais coisas de interesse.
AS IRMÃS DE MARIA MADALENA
Fui um bocadinho desconfiado, alguns blogs tinham-no referenciado como um filme comprometido socialmente e sem interesse. Na verdade o que queriam dizer era "comprometido LOGO sem interesse".
Afinal, não. Ou seja, este filme não apela ao estatuto de obra de arte mas ao de denúncia de uma realidade que nos passaria ao lado sem ele.É um murro no estômago ver o sofrimento daquelas mulheres aprisionadas no meio da hipocrisia religiosa. Eu, que já não andava lá muito contente com a Igreja Católica, fiquei com um pó a freiras... O mal que se tem feito e continua a fazer em nome de "valores" que não passam de formas de controlo é imenso. Não acredito que esteja vivo no dia em que as pessoas acordarem para as formas de manipulação a que são sujeitas todos os dias. Mas consola-me pensar que isso talvez aconteça um dia...
Quanto ao filme, dirão os mais puristas do cinema que enquanto objecto artístico que não acrescentou nada. Terão razão. Mas há filmes que é importante que continuem a ser feitos. Lembrar as mulheres aprisionadas em nome do pecado é como lembrar o Holocausto. É manter acesa a chama da lembrança, não por morbidez, mas para que se detectem os sinais da maldade, prematuramente.
Fui um bocadinho desconfiado, alguns blogs tinham-no referenciado como um filme comprometido socialmente e sem interesse. Na verdade o que queriam dizer era "comprometido LOGO sem interesse".
Afinal, não. Ou seja, este filme não apela ao estatuto de obra de arte mas ao de denúncia de uma realidade que nos passaria ao lado sem ele.É um murro no estômago ver o sofrimento daquelas mulheres aprisionadas no meio da hipocrisia religiosa. Eu, que já não andava lá muito contente com a Igreja Católica, fiquei com um pó a freiras... O mal que se tem feito e continua a fazer em nome de "valores" que não passam de formas de controlo é imenso. Não acredito que esteja vivo no dia em que as pessoas acordarem para as formas de manipulação a que são sujeitas todos os dias. Mas consola-me pensar que isso talvez aconteça um dia...
Quanto ao filme, dirão os mais puristas do cinema que enquanto objecto artístico que não acrescentou nada. Terão razão. Mas há filmes que é importante que continuem a ser feitos. Lembrar as mulheres aprisionadas em nome do pecado é como lembrar o Holocausto. É manter acesa a chama da lembrança, não por morbidez, mas para que se detectem os sinais da maldade, prematuramente.
O FUTURO ESTÁ NA 2
Morais Sarmento já anunciou o alinhamento dos programas da nova RTP, canal "Sociedade" (actualíssimo nome, que só poderia vir de um governo com este perfil). Abre às 6.00 h da manhã e meia hora mais tarde transmite programas dedicados às Minorias (whatever that means).
É louvável o esforço de quem pensou este horário porque compreendeu bem o que significa a palavra "minoria": uma forma de pensamento que deve ficar ignorada da maioria.
Morais Sarmento já anunciou o alinhamento dos programas da nova RTP, canal "Sociedade" (actualíssimo nome, que só poderia vir de um governo com este perfil). Abre às 6.00 h da manhã e meia hora mais tarde transmite programas dedicados às Minorias (whatever that means).
É louvável o esforço de quem pensou este horário porque compreendeu bem o que significa a palavra "minoria": uma forma de pensamento que deve ficar ignorada da maioria.
AFINAL ISTO NÃO ESTÁ ASSIM TÃO MAL...!
Há algum tempo atrás, escreveu o Pedro Mexia :
"Nem de propósito, encontro F., um dos nomes essenciais da literatura portuguesa actual. Elogio-lhe vivamente a obra. Diz-me que não tem escrito, porque não tem editora. É nestes momentos que eu percebo que esta piolheira é irreformável."
Normalmente concordaria com esta citação do rei D.Carlos a João Franco, aqui repertoriada, pelo Pedro, e igualmente com a substância do post, mas acabo de ver na Sic, a cobertura do lançamento o livro de Maria Roma (como a avenida, sim). Além de uma parafernália de Caras (a rivalizar com o da minha amiga Rita F., mas sem o camarada Santana, provavelmente ocupado a consultar a revista "Cidades-Decoração") estavam uma miríade de fotógrafos e "repórteres" culturais.
"Um livro em que falo do amor!", disse a autora.
Sou forçado a concluir que não há acontecimento cultural que escape aos nossos media.
Há algum tempo atrás, escreveu o Pedro Mexia :
"Nem de propósito, encontro F., um dos nomes essenciais da literatura portuguesa actual. Elogio-lhe vivamente a obra. Diz-me que não tem escrito, porque não tem editora. É nestes momentos que eu percebo que esta piolheira é irreformável."
Normalmente concordaria com esta citação do rei D.Carlos a João Franco, aqui repertoriada, pelo Pedro, e igualmente com a substância do post, mas acabo de ver na Sic, a cobertura do lançamento o livro de Maria Roma (como a avenida, sim). Além de uma parafernália de Caras (a rivalizar com o da minha amiga Rita F., mas sem o camarada Santana, provavelmente ocupado a consultar a revista "Cidades-Decoração") estavam uma miríade de fotógrafos e "repórteres" culturais.
"Um livro em que falo do amor!", disse a autora.
Sou forçado a concluir que não há acontecimento cultural que escape aos nossos media.
MUITAS FORMAS PARA SI MESMO
"Não há lá quadrigas, não há pontes, não há trilhos.
Mas ele forja para si mesmo, quadrigas, pontes, trilhos.
Não há glórias, não há prazeres, não há deleites...
Mas ele forja para si mesmo, glórias, prazeres, deleites...
Num estado de sono profundo, erguendo-se e descendo, um deus,
ele faz muitas formas [para si mesmo]"
Brihadaranyaka Upanishad
(sabia que um dia encontraria alguém com um nome mais complicado que o meu, Viva!)
Tradução de Manuel João Magalhães
(in ROSA DO MUNDO)
"Não há lá quadrigas, não há pontes, não há trilhos.
Mas ele forja para si mesmo, quadrigas, pontes, trilhos.
Não há glórias, não há prazeres, não há deleites...
Mas ele forja para si mesmo, glórias, prazeres, deleites...
Num estado de sono profundo, erguendo-se e descendo, um deus,
ele faz muitas formas [para si mesmo]"
Brihadaranyaka Upanishad
(sabia que um dia encontraria alguém com um nome mais complicado que o meu, Viva!)
Tradução de Manuel João Magalhães
(in ROSA DO MUNDO)
IRRITAÇÃO NOCTURNA
Enquanto investigava o paradeiro de um poema que se quisesse mostrar aqui, derrubo uma lata de drageias alemãs. Raios as partam, as drageias. De flor de laranjeira, ainda por cima, que sendo um sabor antigo, só atrapalha...
Tenho o chão do office cheio de armadilhas para formigas.
Conhecem algum poema chamado "Suspiro"?
(e a vassoura, onde será que a meti?)
Enquanto investigava o paradeiro de um poema que se quisesse mostrar aqui, derrubo uma lata de drageias alemãs. Raios as partam, as drageias. De flor de laranjeira, ainda por cima, que sendo um sabor antigo, só atrapalha...
Tenho o chão do office cheio de armadilhas para formigas.
Conhecem algum poema chamado "Suspiro"?
(e a vassoura, onde será que a meti?)
MAN-OBRAS
Como se esperava foi muito divertido :-) Os textos eram bons (Nuno C.Santos, Nuno Artur Silva ...) os actores também, os do costume menos as meninas. E o auditório à cunha.
Tiveram alguns sketches geniais, entre os quais o das claques do Saramago e do Lobo Antunes.
Julgo que haverá outro espectáculo. Recomenda-se, vivamente.
Como se esperava foi muito divertido :-) Os textos eram bons (Nuno C.Santos, Nuno Artur Silva ...) os actores também, os do costume menos as meninas. E o auditório à cunha.
Tiveram alguns sketches geniais, entre os quais o das claques do Saramago e do Lobo Antunes.
Julgo que haverá outro espectáculo. Recomenda-se, vivamente.
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